Interior de exoplanetas pode ser feito de diamante

Descoberta faz com que corpos celestes sejam 'diferentes de tudo no nosso sistema'
Leticia Riente15/09/2020 14h58, atualizada em 15/09/2020 16h29

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Cientistas americanos descobriram que o interior de exoplanetas pode ser rico em diamantes. Isto porque estes corpos celestes são repletos de carbono que, se expostos às condições certas, podem resultar em sílica e na própria pedra preciosa. Até hoje, foram descobertos 4,2 mil exoplanetas, sendo que mais 5,4 mil estão aguardando estudos aprofundados por parte do homem. A pesquisa foi publicada no The Planetary Science Journal.

Para comprovar as suspeitas da teoria, os estudiosos da Arizona State University (ASU) fizeram o seguinte experimento: eles simularam como seria o calor intenso e pressão nas profundezas destas planetas. Com células de bigorna de diamante, eles comprimiram carboneto em sílico em água entre os diamantes que foram colocados em alta pressão.

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A oxidação dos elementos existentes no interior de um exoplaneta pode resultar em diamantes e sílica. Créditos: Sakkmesterke/Shutterstock

O resultado desta etapa do experimento foi aquecido com laser enquanto raios-x das amostras eram feitos. Bingo! Conforme o carboneto de sílico reagiu em conjunto com a água, se transformou em diamante e sílica. “Combinado com os experimentos existentes em baixas pressões, nossos novos experimentos em altas pressões mostram que a água pode converter carboneto de silício em sílica e diamante”, escreverem os pesquisadores no estudo.

“Diferente de tudo”

A descoberta fez o autor principal da pesquisa, Harrison Allen-Sutter, afirmar que “esses exoplanetas são diferentes de tudo em nosso sistema solar“, até mesmo porque quando planetas e estrelas nascem, eles são gerados por meio de nuvens de gás que vagueiam pelo espaço. Isso acontece porque os dois corpos são formados da mesma composição. O sol, por exemplo, com baixa proporção de carbono, está fadado a gerar planetas como a Terra.

Mas exoplanetas, que se formam ao redor de estrelas com uma proporção muito grande de carbono para oxigênio, acabam também sendo abundantes em carbono. A partir desta constatação veio a suspeita dos cientistas, de que o interior destes pequenos planetas poderia ser formado de diamantes.

“Com nossa descoberta de que os planetas de carboneto se converterão prontamente em planetas de silicato na presença de água, o número de planetas de carboneto existentes pode ser ainda menor do que as previsões atuais”, explica Allen-Sutter.

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Diamante e sílica podem ser formados a partir de carbono e água, dependendo de outros fatores de ambiente. Créditos: RTimages/Shutterstock

“Além disso, um planeta de carboneto pode se converter em um tipo de planeta que, até onde sabemos, nunca foi considerado antes: um planeta rico em diamantes e silicatos”, complementa o estudo.

Ainda de acordo com a pesquisa, os resultados obtidos são extremamente importantes para compreender melhor os exoplanetas e seu nascimento. Allen-Sutter ressalta que se formos capazes de realmente entender estes corpos celestes, novos dados poderão ser aplicados em futuras missões, como as realizadas com os telescópios espaciais James Webb e Nancy Grace Roman.

Fonte: Express

Colaboração para o Olhar Digital

Leticia Riente é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital