Há 60 anos, EUA lançavam seu primeiro satélite de telecomunicação

Echo-1 era basicamente um balão que refletia sinais de volta para a Terra, mas abriu as portas para tecnologias com a rede Starlink, da SpaceX
Rafael Rigues12/08/2020 19h32, atualizada em 12/08/2020 19h35

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Satélites de telecomunicação são essenciais na vida moderna, transmitindo imagens, voz e dados rapidamente a uma grande quantidade de pessoas através de grandes distâncias, como entre continentes. Hoje é tão comum olhar para prédios e casas e ver uma antena parabólica apontada para o céu que nem nos damos conta de que a transmissão de TV via satélite, por exemplo, só começou em 1976, há 44 anos. E hoje em dia, em muitos lugares, a única forma de acesso à internet é via satélite.

Foi há 60 anos, em 12 de agosto de 1960, que os EUA deram o primeiro passo rumo a esta tecnologia tão essencial, com o lançamento do Echo-1, seu primeiro satélite de comunicação. O nome “Echo” reflete a natureza “low-tech” do equipamento: ele era um balão de filme PET metalizado, com 30 metros de diâmetro, orbitando a 1.000 km de altura. Sua função era apenas refletir um sinal enviado da Terra de volta ao solo.

As primeiras transmissões foram feitas entre um terminal nos laboratórios da Bell em Holmdel, Nova Jersey, e outro no laboratório de propulsão a jato (JPL) da Nasa em Golstone, na Califórnia, uma distância de quase 4.500 km. Durante os testes foram feitas ligações telefônicas, e dados e até faxes foram enviados.

O Echo-1 ficou no ar por oito anos. Seu sucessor, o Echo-2, foi lançado em 25 de janeiro de 1964 e marcou a primeira cooperação espacial entre os soviéticos e os norte-americanos, com transmissões entre o observatório de Jodrell Bank, perto de Manchester, no Reino Unido, e o observatório Zimenki em Nizhny Novgorod, na Rússia, a 3.500 km de distância.

Atualmente há cerca de 3.800 satélites em órbita da Terra, muitos deles dedicados às telecomunicações. E este número cresce rapidamente: a SpaceX já enviou quase 600 satélites para formar sua constelação Starlink, com o objetivo de oferecer acesso em banda larga à internet em qualquer lugar do mundo. Numa etapa inicial a Starlink deve ter 1.584 satélites, número que pode chegar a quase 40 mil no futuro.

A Amazon também planeja criar sua própria constelação global de satélites, e tem planos para lançar 3.326 satélites nos próximos anos. Números que preocupam os astrônomos, que temem que com tantos objetos em órbita se torne quase impossível realizar observações do espaço a partir da Terra sem que a visão seja ofuscada ou prejudicada por satélites.

E pensar que tudo isso começou com um simples balão.

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital