Saiba tudo sobre o projeto Starlink

Projeto da SpaceX quer oferecer internet rápida e com preço acessível em qualquer lugar do mundo. Para isso, espera ter mais de 40 mil satélites em operação
Rafael Rigues05/06/2020 19h04, atualizada em 06/06/2020 13h00

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Elon Musk já revolucionou a indústria automobilística, com a Tesla, e a aeroespacial, com a SpaceX. Agora seus olhos estão voltados às telecomunicações com o projeto Starlink, que visa oferecer acesso rápido à internet em qualquer lugar do planeta.

É um plano ambicioso, que exige a produção, lançamento e operação de satélites em uma escala nunca tentada e em um curto tempo. Mas também é um plano que está rapidamente se tornando realidade, com cerca de 1 terço da quantidade de satélites necessária para cobertura global já em operação.

Venha conosco, e saiba mais sobre este projeto que pode mudar a forma como nos comunicamos.

O que é a Starlink?

Starlink é o nome de um projeto da SpaceX para oferecer acesso rápido à internet em qualquer lugar do mundo através de satélites. Ao contrário dos serviços atuais de Internet via satélite, que cobrem em regiões específicas, o objetivo da Starlink é oferecer cobertura global, saturando uma órbita baixa com satélites suficientes para servir a cada canto do planeta.

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Ilustração da constelação Starlink ao redor da Terra. Fonte: SpaceX

Quantos satélites serão usados?

A SpaceX tem aprovação da FCC (agência de telecomunicações dos EUA, similar à nossa Anatel) para operar 12 mil satélites. Eles serão agrupados em camadas (“shells”, em inglês) ao redor do planeta, com 1.584 satélites por camada para oferecer cobertura global.

Atualmente a Starlink já tem 482 satélites em operação a uma altitude de 550 km. Após completar a primeira camada a SpaceX planeja outras, a 384 km e 1.200 km de altitude. A SpaceX já demonstrou que não pretende se contentar com “apenas” 12 mil satélites, e já pediu autorização para lançar mais 30 mil, num total de 42 mil satélites em órbita.

Para você ter uma idéia da escala, já descontando os 482 satélites da Starlink, atualmente há outros 2.274 em órbita. Ou seja, a empresa espera operar vinte vezes mais satélites do que o total que existe atualmente ao redor de nosso planeta.

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Conjunto de 60 satélites Starlink prestes para serem colocados em órbita. Fonte: SpaceX

A SpaceX lança 60 satélites por vez a bordo de um foguete Falcon 9. A quantidade é limitada apenas pelo espaço na carenagem que os protege no nariz do foguete. A empresa já indicou que estuda formas de lançar mais satélites à cada missão, seja com novos modelos de carenagem, com mais espaço, ou lançamentos a bordo do Falcon Heavy, foguete mais potente que o Falcon 9.

É verdade que dá pra ver os satélites a olho nu?

Sim, é verdade. Especialmente nos dias logo após o lançamento, quando eles ainda estão em uma órbita mais baixa e seus painéis refletem mais a luz do sol. Eles aparecem no céu como um cordão de estrelas se movendo rapidamente, geralmente por volta do pôr do sol ou ao amanhecer.

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Satélites Starlink se parecem com pontos se movendo rapidamente pelo céu, e muitas vezes são confundidos com OVNIs. Fonte: Chris Aotearoa

Por causa disso astrônomos protestaram contra o projeto, alegando que ele poderia impedir observações astronômicas em solo. Em resposta, Musk afirmou que futuros satélites teriam uma espécie de “quebra-sol” para reduzir sua luminosidade.

Se você quiser tentar ver os satélites da Starlink no céu, pode usar apps como o Heavens Above (para Android) ou Sky Live (para iOS) para saber quando eles estarão passando sobre sua região, e para onde olhar.

Qual será a velocidade de acesso?

A rede Starlink foi projetada para oferecer velocidades de download de até 1 gigabit por segundo. Obviamente a velocidade, na prática, vai depender de fatores como a quantidade de satélites em órbita, do número de clientes conectados à rede, etc. Em um teste feito em conjunto com o exército dos EUA em 2018, usando dois satélites Starlink para transmitir dados para um terminal a bordo de um avião de carga, a SpaceX conseguiu uma velocidade de 610 Megabits por segundo.

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SpaceX garante que as conexões via Starlink serão rápidas o bastante para jogos online. Fonte: Pixabay

Mais importante do que a velocidade de acesso é a latência, ou tempo que os dados demoram para viajar do satélite até você. Em uma conexão tradicional via satélite, ela pode chegar a 500 ou 600 milissegundos, o que pode inviabilizar usos como videoconferência ou jogos online. Isso porque os satélites ficam em órbita geoestacionária, a 35 mil km da superfície do planeta.

A Starlink planeja resolver o problema colocando seus satélites muito mais próximos do planeta, numa altitude entre 340 e 1.200 km. O objetivo é ter uma latência de menos de 20 milissegundos, não muito diferente de uma conexão de banda larga doméstica atual.

Quanto vai custar?

A SpaceX ainda não anunciou o valor da mensalidade para acesso ao Starlink. Mas comentários da presidente da empresa, Gwynne Shotwell, em entrevistas passadas sugerem um valor de cerca de US$ 80 mensais, o que dá cerca de R$ 390.

Isso coloca a empresa em uma posição competitiva em relação a concorrentes como a ViaSat (de US$ 30 a US$ 150 mensais por conexões de 12 Mbps a 100 Mbps) e HughesNet, que cobra de US$ 60 a US$ 150 mensais por conexões de 25 Mbps.

Que equipamento vai ser necessário?

A conexão com a rede será feita através de terminais em solo, aos quais seus aparelhos serão conectados. Da mesma forma como um computador ou smartphone se conecta a um roteador para poder acessar a internet.

Esses terminais, segundo Musk, serão “do tamanho da caixa de uma pizza média” e poderão ser instalados em qualquer local, desde que tenham visibilidade do céu. O custo é estimado entre US$ 100 e US$ 300, mas ainda não se sabe se o usuário terá de comprar o aparelho na adesão, ou se o custo será embutido nas mensalidades de acesso ao serviço.

Quando vai estar disponível?

Ainda não há uma data para o lançamento comercial da Starlink, mas ao final de abril deste ano Elon Musk afirmou que um beta privado da rede entraria em operação em cerca de três meses, ou seja, por volta de julho, e um beta público em seis meses, ou seja, outubro. Como a constelação está incompleta, inicialmente a cobertura seria limitada a regiões de alta latitude, mais distantes do Equador.

Atualmente o único “cliente” conhecido da Starlink é o próprio Musk, que no ano passado usou uma conexão para seu passatempo favorito: postar mensagens no Twitter.

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital