Em julho de 2015, a Breakthrough Initiatives anunciou o lançamento de uma iniciativa de dez anos para realizar a maior Pesquisa de Inteligência Extraterrestre (SETI) feita até o momento. Chamada de Breakthrough Listen, a ação combina softwares de ponta e dados dos principais observatórios do mundo para procurar sinais de tecnologia alienígena (também conhecidas como tecnoassinaturas).
Nos últimos anos, a Breakthrough Listen (BL) fez duas grandes divulgações de dados e anunciou uma colaboração lucrativa com a missão TESS (Transitting Exoplanet Survey Satellite), da Nasa. Mais recentemente, a iniciativa anunciou o lançamento de seu catálogo “Exotica” – uma lista variada de objetos que podem ser interessantes para astrônomos que buscam sinais de tecnoassinaturas e inteligência extraterrestre.
O catálogo foi descrito em um artigo submetido recentemente para publicação na The Astrophysical Journal. A equipe responsável pelo catálogo foi liderada pelo dr. Brian C. Lacki, astrônomo do Berkeley SETI Research Center (BSRC), e incluiu membros da Universidade da Califórnia em Berkeley, do Instituto SETI e de várias outras unidades.
O lançamento desse catálogo é especialmente significativo porque inclui objetos cósmicos e ambientes onde a vida não parece prosperar. Pelo menos não a vida como conhecemos, e esse é o foco de todas as pesquisas até o momento.
Catálogo explora todas as possibilidades para encontrar vida extraterrestre. Imagem: Reprodução
Historicamente, parte do problema está em nossos instrumentos. Isso porque o universo é imenso, possivelmente até infinito. Nossas melhores estimativas dizem que a parte observável tem aproximadamente 96 bilhões de anos-luz de diâmetro. Ao mesmo tempo, o que vemos está sujeito à teoria da relatividade geral, onde a velocidade da luz não é apenas constante, e sim um absoluto cósmico. Por isso, o espaço deve ser monitorado com muito cuidado para separar os ruídos de fundo de alguma atividade ou sinais de vida.
Outra questão é nosso referencial. Apesar de anos de pesquisa, a Terra ainda é o único planeta que conhecemos onde a vida existe, e a humanidade é nosso único exemplo de civilização tecnologicamente avançada. Mas e se as vidas extraterrestres não forem como a nossa e viverem em ambientes que, para nós, são muito extremos?
Ambientes extremos poderiam incluir os de temperaturas altíssimas, como planetas próximos de estrelas, ou regiões extremamente frias externas a um sistema solar. Também poderia incluir a gravidade extrema de estrelas de nêutrons ou a alta radiação dos aglomerados estelares e núcleos galácticos.
Catálogo “Exotica”
É isso que o catálogo “Exotica” tem de especial: explora uma coleção de mais de 700 objetos distintos com “um de cada” no universo observado. Isso varia de cometas a galáxias, de objetos mundanos ao mais raro e violento fenômeno celeste. O objetivo é apresentar o conceito de amplitude de pesquisa.
Ao fazer isso, a equipe da BL espera aumentar a probabilidade de encontrar sinais de vida, permitindo pesquisas astrofísicas benéficas e pensamentos inspiradores sobre nossos sistemas de caracterização atuais.
O BL espera que, com esse catálogo, os astrônomos possam responder algumas perguntas difíceis relacionadas à pesquisa do SETI, como a clássica pergunta de Fermi (“Onde estão todos?”), ou talvez fornecer uma explicação para o porque de não ouvirmos ou vermos alguém lá fora.
Graças ao grande número de exoplanetas descobertos recentemente e à crescente sofisticação de observatórios e telescópios espaciais, alguns acreditam que seja questão de tempo até algo ser encontrado.
Via: Science Alert