Via Láctea ‘engole’ galáxia e dá origem à corrente estelar

Estrelas que formam a corrente de Nix já foram parte de uma galáxia anã próxima até ser 'sugada e esticada' pela força gravitacional da Via Láctea há um bilhão de anos
Renato Mota06/07/2020 22h56

20200706080741

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Uma pesquisa, que utilizou dados mais recentes da missão Gaia da Agência Espacial Europeia (ESA), encontrou uma corrente estelar nas proximidades do Sistema Solar que já fez parte de uma galáxia anã – até ser “engolida” pela Via Láctea. A corrente de Nix (em inglês, Nyx), batizada em homenagem à deusa grega da noite, está descrita em um estudo publicado na Nature.

Lançado em 2013, o satélite Gaia estuda o movimento, velocidade e distância de mais de 1,7 bilhão de estrelas para produzir o mapa 3D mais preciso da Via Láctea. Os pesquisadores utilizaram essas informações para identificar cerca de 200 estrelas que apesar de se moverem na mesma direção que o disco de acumulação da nossa galáxia, chegaram aqui posteriormente, vindas de fora.

De acordo com o modelo padrão da evolução do universo, as galáxias crescem ao se fundir e absorver galáxias menores, o chamado processo de acréscimo. Existem muitas evidências disso na Via Láctea, mas todas foram identificadas por meio de métodos que buscam por objetos que se movem de maneira diferenciada em relação ao disco galáctico, ou estrelas com uma composição diferente das originalmente formadas aqui. Encontrar um fluxo de estrelas que se “encaixou” na rotação da Via Láctea é mais difícil.

Para realizar a descoberta, os cientistas aplicaram métodos de aprendizado profundo a cinco medidas dimensionais das estrelas catalogadas (duas de coordenadas angulares, duas de movimento e a paralaxe, que é a diferença na posição aparente de um objeto visto por observadores em locais distintos), gerando uma pontuação associada à probabilidade de a estrela ter sido ser acumulada durante a formação da galáxia.

Com esses dados, a equipe encontrou um grupo de 232 estrelas, todas em movimento conjunto e progressivo – isto é, no sentido da rotação da galáxia – e com composições químicas semelhantes. Este grupo não havia sido associado anteriormente a nenhuma outra corrente estelar. Simulando as órbitas dessas estrelas um bilhão de anos atrás, os pesquisadores perceberam que elas tinham propriedades orbitais diferentes das estrelas vizinhas.

A equipe de pesquisadores acredita que a corrente estelar de Nix já foi uma galáxia anã que, em algum momento da longa história da Via Láctea, foi sugada e esticada à medida em que suas estrelas começaram a orbitar o centro da Via Láctea. Repetindo a pesquisa, mas com parâmetros mais amplos, os cientistas encontraram outro grupo de estrelas que correspondia quase exatamente ao fluxo de Nix e com composições químicas iguais. Este segundo grupo seria resultado de uma outra passagem da mesma galáxia anã pela Via Láctea.

Via: Science Alert

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital