Tomonori Totani, astrônomo da Universidade de Tóquio, no Japão, acredita que a existência de vida em outras partes de nosso universo é quase uma certeza. É tudo uma questão de probabilidades.
Totani explica seu raciocínio em um artigo chamado “Surgimento da vida em um universo inflacionário”, publicado na revista Nature. Uma das moléculas essenciais para a vida é o ácido ribonucléico (RNA), que é composto por cadeias de moléculas menores chamadas nucleotídeos. Segundo o cientista, a menor molécula de RNA capaz de se auto-replicar (característica essencial da vida) seria composta por entre 40 e 100 nucleotídeos.
Dado tempo suficiente e as condições químicas certas, nucleotídios poderiam se combinar espontaneamente para formar RNA e dar origem à vida. Entretanto, a quantidade de estrelas no universo observável (a parte que podemos “ver”) não seria grande o suficiente para que esse “número mágico” de 40 a 100 nucleotídeos pudesse se combinar porv acaso.
“No entanto, há mais no universo do que o que podemos observar”, disse Totani. “Na cosmologia contemporânea, concorda-se que o universo passou por um período de inflação rápida, produzindo uma vasta região de expansão além do horizonte que podemos observar diretamente. A inclusão desse maior volume de estrelas em modelos de abiogênese (a origem da vida a partir de materiais não vivos) aumenta enormemente as chances da vida ocorrer”.
Estima-se que o universo observável tenha 10 sextilhões (10^22) de estrelas. Entretanto, no total ele pode conter até 1 googol (10^100) de estrelas. “Se este for o caso, então estruturas de RNA mais complexas, capazes de sustentar a vida, são mais do que apenas prováveis. São praticamente inevitáveis”, disse o pesquisador.
“Combinar minha investigação recente sobre química do RNA com minha longa história na cosmologia me leva a crer que há uma maneira plausível de o universo ter passado de um estado abiótico (sem vida) para um estado biótico. É uma idéia emocionante e espero que pesquisas possam expandí-la para descobrir as origens da vida “, afirma.
Fonte: Science Daily