Exoplaneta com atmosfera ‘brutal’ tem céu amarelo

Cientistas indicam forte indicação de um processo atmosférico desconhecido que não está contabilizado em seus modelos físicos
Redação07/05/2020 19h12, atualizada em 07/05/2020 19h25

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O exoplaneta WASP-76b, já comentado por aqui anteriormente, passou por mais estudos e ganhou uma nova descoberta: seu céu – ao menos na face que fica virada para sua estrela – deve ter uma coloração amarela bem estranha, segundo cientistas da Nasa.

Como WASP-76b possui rotação sincronizada – ou seja, uma de suas faces está sempre virada para a estrela que orbita -, o lado oposto se encontra em uma eterna noite. Portanto, o céu amarelo só pode ser visto da face diurna, que possui uma temperatura escaldante de 1.650 °C ininterruptos.

A mais de 780 anos-luz da Terra, o exoplaneta gasoso é 1,7 vezes maior que Júpiter, o gigante do nosso Sistema Solar. Contudo, WASP-76b tem apenas 85% da massa de Júpiter, justamente por ser ainda mais gasoso, característica que tem ligação direta com a proximidade entre o exoplaneta e a estrela que orbita. Os dois astros estão tão próximos que WASP-76b demora apenas 3,7 dias terrestres para concluir um movimento de translação completo.

Telescópio Hubble

Para estudar a atmosfera quente e exótica de WASP-76b, os cientistas utilizaram o telescópio espacial Hubble, da Nasa, e o telescópio Magellan II, que fica no Chile. Com as novas observações, foi possível notar que o exoplaneta não possui a “dispersão de Rayleigh”, fenômeno que permite que pequenas partículas de poeira de alta altitude façam com que os comprimentos de onda da luz das estrelas se dispersem diferencialmente.

Em outras palavras, é esse fenômeno que deixa o céu da Terra com tonalidade azul, cor referente a comprimentos de onda muito curtos e, consequentemente, muito oscilantes.

“Esta é uma forte indicação de um processo atmosférico desconhecido que não estamos contabilizando em nossos modelos físicos. Eu mostrei o espectro WASP-79b a vários colegas, e seu consenso é ‘isso é estranho'”, contou Kristin Sotzen, autora do estudo e estudante do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

Reprodução

Telescópio Hubble em órbita/Foto: Nasa

Segundo ela, como é a primeira vez que o fenômeno é visto, ainda não há certeza sobre sua causa. “Precisamos ficar de olho em outros planetas como esse, porque isso pode ser um indicativo de processos atmosféricos desconhecidos que atualmente não entendemos. Como temos apenas um planeta como exemplo, não sabemos se é um fenômeno atmosférico ligado à evolução do planeta “, acrescentou.

A chuva de ferro, que deixou a comunidade científica intrigada no início deste ano, talvez nem seja tão rara assim – nosso vizinho Júpiter pode ser capaz de presenciar o mesmo fenômeno. Além disso, Hubble também detectou sinais de vapor de água na atmosfera de WASP-79b, o que o torna um pouco mais familiar.

Por suas características curiosas, WASP-79b é um dos próximos alvos do telescópio James Webb, programado para ser lançado em 2021 em busca de mais informações sobre outros sistemas e galáxias, dos exoplanetas às estrelas que orbitam.

Via: Space.com

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital