Em um estudo recém-publicado, cientistas desenvolveram um novo modelo teórico de computador para olhar para o interior de Urano e Netuno. Com a ferramenta, a equipe estudou a “estranha” condutividade térmica e elétrica da água dentro desses planetas. Agora, os pesquisadores querem utilizar o mesmo método em escala atômica minúscula, esperando que isso revele informações sobre a estrutura interna dos corpos gelados, seus campos magnéticos e também entender como esses planetas evoluíram e exatamente quantos anos possuem.

Ao estudar os planetas, os pesquisadores da Escola Internacional de Estudos Avançados (Sissa) em Trieste, na Itália, e da Universidade da Califórnia em Los Angeles estimaram que os dois são compostos principalmente por água em diferentes formas, podendo até, no caso de Urano, ter um núcleo congelado. “Hidrogênio e oxigênio são elementos mais comuns no Universo, junto com o hélio. É fácil deduzir que a água é um dos principais constituintes de muitos corpos celestes”, disseram os pesquisadores.

A equipe analisou três fases da água que poderiam existir no interior dos planetas: líquido, gelo e super iônico, que existe em temperaturas e pressões extremamente altas. Porém, a água “ligada”, o H2O, em um planeta é muito diferente da água na Terra. “Em tais condições físicas exóticas, não podemos pensar no gelo como estamos acostumados”, destacaram os autores. “Até a água é diferente. Mais densa, com várias moléculas dissociadas em íons positivos e negativos, transportando assim uma carga elétrica”, acrescentaram.

Em comunicado, os pesquisadores explicaram que Urano pode ter um núcleo congelado. Essa seria a explicação de o planeta não ser tão luminoso, já que isso faz com que pouco calor se moveria em direção à superfície. Além disso, eles descobriram que a água super iônica de Urano e Netuno é mais eletricamente condutora do que a da Terra, além de poder compor uma grande parte das camadas internas dos gigantes gasosos.

ReproduçãoNúcleo de Netuno possui água “alienígena”. Foto: Nasa

Esses resultados aumentam a compreensão que os astrônomos têm de como os corpos surgiram e de que são compostos. Por fim, os pesquisadores afirmaram que “a condução térmica e elétrica dita a história de um planeta, como e quando ele foi formado, como ele esfriou. Portanto, é fundamental analisá-lo com as ferramentas adequadas, como a que desenvolvemos”.

Via: Space