Grafite pode ser novo aliado na detecção precoce do câncer de mama

Exame que usa o material é mais prático e leva apenas 15 minutos para dar o resultado; em camundongos, o teste foi capaz de identificar em qual estágio a doença estava
Redação07/09/2020 14h43, atualizada em 07/09/2020 15h21

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O grafite, material utilizado para fabricar lápis, pode ser um futuro aliado para o diagnóstico do câncer de mama e de outras doenças. Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, desenvolveram um dispositivo que usa a substância para um novo tipo de exame. Além de ser mais barato se comparado aos testes atuais, é mais prático e rápido, levando apenas 15 minutos para fornecer o resultado.

O projeto ainda está em fase inicial, mas já possui resultados promissores publicados na American Chemical Society. Em camundongos, além de identificar a presença ou não do câncer de mama, o exame foi capaz de identificar em qual estágio a doença estava.

“Exames semelhantes usando tomografia computadorizada, o padrão-ouro para diagnóstico do câncer de mama, dependem de equipamentos que têm custo superior a R$ 1 milhão”, destacou Renato Sousa Lima, um dos autores do estudo. O novo método, porém, custa no máximo R$ 2 mil, afirmou. “O mais importante é o conceito de análise clínica que permite, usando dispositivos de baixo custo e portáteis, um diagnóstico sem uso de reagentes ou anticorpos”, acrescentou.

Etapas para o diagnóstico

O projeto em questão possui algumas etapas. A primeira consiste no preparo da amostra. Enquanto os métodos tradicionais precisam separar o plasma do sangue, este isola apenas as vesículas extracelulares. Estas são estruturas de até 50 nanômetros e que atuam na comunicação entre as células. Por serem eliminadas carregando proteínas e material genético, elas servem como biomarcadores sobre a saúde da pessoa.

ReproduçãoGrafite pode ser usado para detectar câncer em 15 minutos. Foto: Shutterstock

Para isolar a estrutura, são necessários apenas 10 minutos. Depois, essa vesícula passa por um sensor formado por um dispositivo microfluídico “capaz de analisar volumes 50 a 100 vezes menores que uma gota”. Para isso, é usado o grafite como eletrodo de interação com as amostras líquidas.

Após a interação, a corrente elétrica que passa pelo material gera um padrão informativo que pode ser representado graficamente, servindo como uma impressão digital da amostra.

Depois, com aprendizado de máquina, o equipamento analisa os dados para encontrar indícios de doenças. A ferramenta separa as amostras de sangue saudáveis das doentes e, posteriormente, pode analisar o estágio da doença. Por fim, os dados são transmitidos para um aplicativo, que pode ser instalado em um smartphone.

Como se trata apenas de um teste, ainda não há um prazo para que o novo exame seja usado regularmente. “No momento, estamos em fase preliminar e de conversa com o CNPEM para buscar uma patente”, explicou Lima. Além disso, ainda é preciso ter a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que deve pedir ainda mais testes.

No futuro, porém, o método pode ser usado como aliado para diagnosticar diversas doenças além do câncer, como tuberculose e até mesmo a Covid-19.

Via: Uol

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital