As empresas de tecnologia prometem privacidade na tentativa de ganhar a confiança dos usuários, mas nem elas sabem se podem cumprir essa promessa. O problema está no modelo de negócios de companhias como Facebook e Google: muitas vezes, as informações dos usuários funcionam como moeda de troca para anunciantes.
Mark Zuckerberg, CEO de Facebook, Instagram e WhatsApp, diz que “o futuro é privado”, mas não sinaliza como pode contribuir com isso. A rede social já foi alvo de diversos escândalos (muitos neste ano) e chegou a pagar a maior multa da história para a Comissão Federal de Comércio dos EUA (FCC). Pior: mesmo depois da punição, novos problemas de privacidade surgiram.
Os anúncios também são parte importante dos negócios do Google, que depende igualmente do comércio de informações dos usuários, mas Sundar Pichai afirma que a privacidade “é para todo mundo”. Por isso, a gigante das buscas criou ferramentas que facilitam as configurações de privacidade da conta e prometeu um sistema mais seguro para o Android.
A Apple, que vende a privacidade como um de seus principais valores comerciais, teve problemas quando a informação de que escuta conversas dos usuários com a Siri foi divulgada. Neste ano, Tim Cook reafirmou seu compromisso com a segurança de dados e mostrou um recurso para login seguro em aplicativos ou serviços.
Consumidores
Com os escândalos, os usuários perceberam que seus dados não estão seguros. Segundo Luiz Arruda, diretor da consultoria de tendências WGSN Mindset na América Latina, os consumidores agora sabem que suas informações pessoais funcionam como moeda troca.
Isso causa resistência e quebra de confiança na relação com as empresas. O Facebook sentiu isso quando anunciou a Libra, sua criptomoeda. Os usuários e o governo, em vez de ficarem animados, passaram a se preocupar em ter suas informações financeiras disponíveis na rede social.
Em uma época em que a privacidade é algo raro, ela se torna muito valiosa. E quem se dará bem? Aqueles que a oferecerem sem contrapartida. A Apple entendeu isso e, por essa razão, vende a segurança de dados — apesar de não cumprir totalmente o que promete.
Fonte: G1