Nas últimas semanas, começaram a surgir relatos de que empresas de tecnologia como Apple, Google e Amazon estavam colocando seres humanos reais para ouvir comandos de voz dados às suas assistentes virtuais como forma de aprimorar a capacidade da inteligência artificial. Agora é a vez do Facebook: a empresa confirmou que pagava pessoas para ouvir e transcrever o áudio dos usuários.
A denúncia publicada pela Bloomberg partiu de alguns dos próprios contratados para a tarefa, que afirmam não saber a origem das gravações, nem o motivo pelos quais o Facebook quer transcrevê-las. Eles afirmam que, em alguns dos casos, o conteúdo a ser transcrito chega a ser bastante vulgar.
O Facebook não negou a prática e a afirmou que há uma semana interrompeu a coleta e a análise de dados por ouvidos humanos após empresas como Google, Apple e Amazon sofrerem críticas por ações similares. A justificativa da empresa é de que os usuários impactados haviam optado por ter suas conversas de voz no Messenger transcritas para texto, e os funcionários terceirizados tinham a missão de garantir que a transcrição estava correta. A empresa também afirma que os dados eram anonimizados, então não haveria forma de ligar o que era dito a uma pessoa específica. O recurso existe desde 2015.
Como relata a publicação, os próprios funcionários se sentiram incomodados com o trabalho considerado antiético, já que a empresa não explica aos seus usuários que seus áudios são escutados e transcritos por humanos. Em momento algum na página de política de uso de dados da empresa é mencionada a palavra “áudio”, nem informado que as informações seriam captadas e interpretadas por ouvidos humanos.
O documento dá a entender que todo o conteúdo das suas comunicações é automaticamente processado por sistemas, o que indica que o material é analisado, mas apenas por algoritmos. Há apenas a menção de que outras “empresas e prestadores de serviço que suportam nossos negócios analisando como nossos produtos são usados”.
Vale notar que o Facebook acaba de receber uma multa recorde de US$ 5 bilhões relacionadas aos escândalos ligados a privacidade nos últimos dois anos.