Durante um evento em Chicago na última terça-feira (4 de outubro), o CEO da Boeing, Dennis Muilenburg, disse acreditar que sua empresa conseguirá levar humanos a Marte antes mesmo da SpaceX. Recentemente, a SpaceX mostrou o seu projeto Interplanetary Transport System (ITS), que pretende começar a fazer viagens tripuladas até o planeta vermelho em 2024.
“Estou convencido de que a primeira pessoa a pisar em Marte chegará até lá em um foguete da Boeing”, disse Muilenburg. A fala do CEO da Boeing durante o evento (que segundo o Engadget foi patrocinado pela revista estadunidense The Atlantic) pode ser vista abaixo:
A Boeing foi a empresa responsável pelo foguete Saturn V, que foi utilizado pelos Estados Unidos durante a corrida espacial da década de 60 para levar humanos até a Lua. Tanto ela quanto a SpaceX são as primeiras empresas privadas que a NASA contratou para levar cargas até a Estação Espacial Internacional.
No momento, a SpaceX está realizando testes com o foguete Raptor, que deverá ser usado para mover o ITS. A Boeing, por sua vez, está desenvolvendo em parceria com a NASA um foguete semelhante chamado de Space Launch System, que também terá o objetivo de mover espaçonaves destinadas a Marte. Um teste do Space Launch System pode ser visto abaixo:
Miss the 535 sec RS-25 engine test? This engine will launch @NASA_SLS on our #JourneyToMars: https://t.co/RaLVxSgkNmhttps://t.co/YIljBQcQt1
— NASA (@NASA) 13 de agosto de 2015
Aviões hipersônicos
Voar até Marte nao foi o único plano ambicioso da Boeing sobre o qual Muilenburg falou no evento. De acordo com a Bloomberg, o CEO da Boeing também tem planos para criar aviões hipersônicos, que seriam capazes de voar em velocidades até três vezes maiores que a velocidade do som – ou seja, viajar a mais de 3702 quilômetros por hora.
Com essa velocidade, esses aviões poderiam, por exemplo, ir de São Paulo a Nova York em pouco mais de duas horas. Uma viagem de São Paulo a Tóquio, por sua vez, poderia ser feita de uma vez só em cerca de seis horas.
Entre o céu e o espaço
Muilenburg também vê oportunidades comerciais entre esses dois extremos. Ele vê o turismo espacial “florescendo ao longo das próximas duas décadas e virando um mercado comercial viável”. Por isso, ele acredita que, ao lado da Estação Espacial Internacional, poderão ser construídos hotéis espaciais nos quais os hóspedes poderão curtir a microgravidade.
Para chegar até lá, as pessoas usariam foguetes e espaçonaves da Boeing. Além disso, o CEO da empresa também acredita que universidades e centros de pesquisa também poderiam se interessar pela criação de laboratórios em microgravidade, que ofereceriam vantagens e novas possibilidades de investigação para algumas áreas da ciência.
Resposta da SpaceX
Isso tudo, no entanto, não pareceu perturbar Elon Musk, o CEO da SpaceX. Segundo o Business Insider, quando ele foi questionado se se sentia “desafiado” pelas alegações do CEO da Boeing, ele disse que acredita que seja “bom ter diversos caminhos para Marte”. Abaixo, pode-se ler a resposta completa de Musk, em tradução livre:
“Acho que na verdade é bem melhor para o mundo se houver múltiplas companhias ou organizações construindo essas espaçonaves interplanetárias. Quanto mais, melhor. Acho que qualquer coisa que melhore a probabilidade [de se chegar a Marte] no futuro é boa. E então múltiplas empresas fazendo isso seria ótimo, eu acho. Eu quis descrever a arquitetura [do ITS] na esperança de que isso incentivaria empresas e organizações no mundo todo a fazer algo do tipo”.
A SpaceX disse que pretende começar a fazer voos tripulados até Marte em 2024; a Boeing, por sua vez, imagina que suas primeiras viagens até lá comecem na década de 2030 – revelando certa desconfiança dos planos de Musk. De qualquer maneira, ainda há um longo caminho até que o turismo ao planeta vermelho se torne economicamente viável.