O bilionário Elon Musk, CEO da SpaceX, deu uma palestra hoje com o título “Fazendo da humanidade uma espécie interplanetária”. Nela, ele revelou como a empresa pretende realizar uma missão não tripulada para Marte nos próximos dois anos e depois lançar uma nave com humanos até 2024.
As metas da empresa são ambiciosas. No entanto, os planos de Musk não têm apenas o objetivo de levar pessoas até lá, mas também de tornar as viagens até Marte economicamente viáveis. Abaixo, mostramos alguns dos detalhes do plano de Musk, que pode ser visto, resumidamente, no vídeo abaixo:
Chegando lá
De acordo com Musk, um dos maiores problemas de se chegar até Marte é que, quando um foguete é lançado, boa parte de seu combustível é queimado para tirar a espaçonave da órbita terrestre. E quanto mais combustível é levado pela nave, mais pesada ela fica e, paradoxalmente, mais difícil é tirá-la da órbita.
A solução de Musk para isso é reabastecer a nave que vai até Marte em órbita. Para isso, ela será lançada até a órbita por meio de um fogute de 77,5 metros que, em seguida, se destaca da nave e volta, de maneira autônoma, até a Terra. Esse passo é importante não apenas porque permite o abastecimento da espaçonave, mas também porque le permite a reutilização do foguete; sem isso, a viagem seria economicamente inviável. A imagem abaixo traz mais informações sobre o foguete:
A nave então esperaria em órbita até que um veículo de abastecimento chegasse. Esse veículo decolaria da Terra com combustível para ir até a órbita, abastecer a nave, voltar e pousar com segurança. O abastecimento, por sua vez, aconteceria com as duas naves em órbita.
Uma vez finalizado o abastecimento, o veículo voltaria à Terra. A nave, por sua vez, seguiria na primeira fase de sua viagem usando esse combustível. Em seguida, porém, ela abriria “asas” compostas de paineis solares para aroveitar também a energia do sol durante a viagem, que duraria de 90 a 150 dias.
Ponte aérea
O objetivo de Musk, porém, não é meramente levar uma nave tripulada até lá. A ideia é criar uma espécie de “ponte aérea Terra-Marte”, com voos e naves saindo a cada 26 meses. 26 meses é o intervalo de tempo entre os “encontros” da Terra com Marte: a cada 26 meses, os dois planetas estão na menor distância possível entre si.
Como esses encontros acontecem em pontos diferentes da órbita de cada um dos planetas, a distância entre a Terra e Marte não é sempre a mesma. Por esse motivo, cada viagem terá duração diferente da anterior. Essa duração, contudo, deve ser de 80 a 150 dias para os próximos encontros; Musk estima, contudo, que com o tempo ela possa ser reduzida a até 30 dias.
Quando um “encontro” entre a Terra e Marte estiver se aproximando, Musk imagina que centenas ou mesmo milhares de naves fiquem esperando, em órbita, até o momento mais oportuno. Assim, as viagens para Marte seriam feitas em “frotas” de muitas naves, cada uma carregando pelo menos 100 pessoas.
Cronograma
Como mencionado acima, Musk pretende lançar as primeiras naves não tripuladas para Marte a partir de 2018. Nesse ano acontecerá um dos “encontros” mencionados acima – por isso a data. Os outros, como pode ser visto acima, acontecerão em 2020, 2022 e 2024. 2020 e 2022 também serão anos em que a SpaceX lançará naves não tripuladas.
Esses três lançamentos de naves não tripuladas serão usados também como teste para refinar as técnicas de lançamento e viagem para 2024, quando a empresa pretende realizar sua primeira viagem tripulada. Musk disse que pretende chamá-la de “Heart of Gold (coração de ouro), em homenagem ao “Guia do Mochileiro das Galáxias”, e também por acreditar que a nave é “extremamente improvável”. A linha do tempo abaixo reforça os planos da empresa:
Pessoas
Não se trata de levar astronautas para Marte; a ideia de Musk é que qualquer pessoa com dinheiro suficiente possa ir para o planeta vermelho, com apenas alguns dias de treinamento. O custo por passageiro, segundo ele, seria de aproximadamente US$ 200.000 – então não será exatamente uma viagem que se possa pagar com bilhete único.
Ainda assim, Musk pretende reduzir pelo menos até a metade esse custo – por exemplo, cobrando os passageiros pelo peso que eles queiram levar – para tornar a viagem o mais atraente possível. Também para isso, os pasageiros terão a opção de voltar para a Terra, caso queiram – “até porque nós precisaremos da nave de volta”, ressalta.
Musk admitiu, por outro lado, que embora deseje ir até Marte, ele não deverá ser o primeiro homem a descer no planeta. Um dos motivos para isso, segundo ele, é que “a probabilidade de morte é bastante elevada na primeira viagem”, e ele não tem certeza de que os planos da SpaceX poderiam continuar sem ele. “Além disso, eu também gostaria de ver meus filhos crescerem e tal”, disse.