No dia 29 de julho, o fundador e CEO do Facebook Mark Zuckerberg passou cerca de cinco horas depondo para congressistas perante ao subcomitê da Câmara sobre antitruste, o conjunto de normas do governo americano que regulam grandes organizações corporativas em relação à monopólio e abuso de poder. 

Apesar dos depoimentos de Zuckerberg sobre a ascensão do Facebook, os fatos apresentados pelos congressistas apontaram para um possível uso de poder e tentativa de monopólio na compra de mídias sociais com potencial de crescimento.  

 

Os 11 principais tópicos levantados na sessão:

  1. O vice-presidente do subcomitê Joe Neguse citou uma apresentação de 2012 dada por Sheryl Sandberg, então CEO do Facebook. Nessa apresentação ela dizia que a rede social era 95% de todas as mídias sociais nos Estados UnidosNeguse argumentou que, de 2004 até 2012, o MySpaceFriendster, Orkut e o Yahoo360, que eram os principais concorrentes do Facebook, desapareceram. 
  1. O Facebook sempre comprou a concorrência, isso aconteceu com o Instagram e WhatsApp, por exemplo. Este foi mais um argumento levantado por Neguse ao citar um e-mail de Zuckerberg que foi enviado a todos os funcionários do Facebook dizendo que eles teriam poder para adquirir qualquer empresa concorrente com potencial de crescimento. Zuckerberg, então, disse que em 2012, considerava o Instagram um concorrente, mas que a marca só cresceu e se tornou o que é hoje graças à compra pelo Facebook. 

  1. De acordo com a congressista democrata Pramila Jayapal, Zuckerberg ameaçou o cofundador do Instagram Kevin Systrom. Segundo ela “Sysstrom disse para um investidor em 2012, que ele temia que Zuckerberg entrasse em ‘modo de destruição’, caso ele não vendesse o Instagram”. De acordo com o presidente do Comitê Judiciário Jerrold Nadler, a compra do Instagram pelo Facebook viola o conjunto de leis antitruste. 

  1. O Facebook copiou recursos do aplicativo Snapchat, sugeriu NeguseJayapal também afirmou que Zuckerberg alertou Evan Spiegel, fundador do Snapchat, que sua rede social estava tendo seus recursos copiados pelo próprio Facebook. Para reforçar este argumento, o CEO do aplicativo chinês TikTok, Kevin Mayer, afirmou que o Facebook lançou um produto que imitava as funcionalidades do TikTok, o Reels, disponível no Instagram. 

  2. Mais uma vez, Jayapal apresentou novos e-mails de Mark Zuckergberg em que ele dizia à equipe que eles deveriam “ser mais ágeis e copiar outros aplicativos”. Zuckerberg, por sua vez, disse que uma plataforma copiar recursos de outra é uma coisa comum no ramo de aplicativos. 

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Mark Zuckerberg responde a congressistas americanos sobre monopólio e uso de poder contra empresas concorrentes, ferindo o conjunto de normas antitruste. Foto: Wikimedia Commons

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  1. Questionado sobre o motivo de o Instagram não ter sido divido em uma empresa separada, Zuckerberg voltou a dizer que na época da compra, não era garantido que o Instagram seria uma grande marca como conhecemos hoje, e que o investimento do Facebook no aplicativo fez com que o Instagram obtivesse esse sucesso. 

  1. A congressista democrata Val Demings sugeriu que o Facebook usou suas políticas para surpreender concorrentes quando, em 2012, Zuckerberg revelou que a empresa lançou políticas para atingir concorrentes que utilizavam suas plataformas. Segundo ela, o MessageMe teve seu acesso restrito quando um funcionário identificou que o aplicativo era promissor. Ainda de acordo com Demings,  em 2014 o Facebook tentou limitar o acesso do Pinterest à rede social. 

  1. Quando foi a vez do congressista democrata Hank Johnson falar, ele questionou Zuckerberg sobre o acesso aos dados de concorrentes usando as ferramentas da rede social, e que o Facebook possui informações sobre sites e aplicativos concorrentes. Além disso, ele também citou um e-mail do vice-presidente do Facebook, que falava sobre a necessidade de criar um programa de análise que fosse possível separar quem é ‘amigo e quem é inimigo’. 

  1. A polêmica de 2013 do Facebook em relação à compra do aplicativo de segurança israelense Onavo Protect também virou pauta da sessão. Johnson levantou a questão sobre Zuckerberg ter usado o aplicativo para saber quais apps eram mais populares entre os usuários e, assim, ficar por dentro de potenciais concorrentes.  

  1. Johnson também questionou Zuckerberg sobre o uso dos levantamentos do Onavo Protect e Facebook Research com o objetivo de comprar o WhatsApp. Zuckerberg respondeu que eles tinham a ‘trajetória do WhatsApp, apesar de não precisarem disso’. 

  1. Outro congressista que levantou pontos importantes foi o democrata David Cicilline. Segundo ele, por monopólio do Facebook, não há incentivo para moderar a própria página, além de ter afirmado que a rede social é quem define como a publicidade é reproduzida e, por isso, eles devem se responsabilizar por isso. O conteúdo relacionado à Covid-19 também foi levantado por Cicilline. Segundo ele, um vídeo do site Breitbart que continha informações falsas sobre o vírus atingiu 20 milhões de visualizações e 100 mil comentários antes de ser removido. ”É tão grande que, mesmo com as políticas corretas, não pode conter o conteúdo mortal”.

 
Fonte: MediaNama