Técnicas inéditas são usadas para encontrar novas espécies de micróbios

Pesquisadores encontraram 12.556 novas espécies sem ter que cultivá-las em laboratório; metagenômica foi uma das técnicas utilizadas
Leticia Riente10/11/2020 11h44, atualizada em 10/11/2020 12h32

20201110084811

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Uma equipe internacional de cientistas descobriu 12.556 novas espécies de micróbios. Apesar de não ser a primeira vez que pesquisadores fazem uma descoberta desta natureza, o novo estudo torna-se inovador considerando que as espécies não foram encontradas por meio do cultivo em laboratório, mas sim por meio de outras técnicas de sequenciamento. O resultado das análises foi publicado na Nature Biotechnology na segunda-feira (9).

Cabe destacar que o objetivo do trabalho foi analisar amostras de uma grande variedade de áreas para preencher alguns espaços existentes no conhecimento humano sobre micróbios.

Reprodução

Por meio de técnicas inovadoras de sequenciamento de genoma, cientistas descobriram mais de 12 mil novos micróbios. Créditos: Lightspring/Shutterstock

Metagenômica

Uma das técnicas utilizadas pelos cientistas para a descoberta dos micróbios foi a chamada metagenômica. De acordo com o geneticista e primeiro autor do estudo, Stephen Nayfach, a equipe foi capaz, por meio desta estratégia, de reconstruir milhares de genomas montados em metagenoma (MAGs, na sigla em inglês) diretamente a partir de amostras ambientais sequenciadas, sem a necessidade de cultivar os micróbios em laboratório. “O que torna este estudo realmente diferente dos esforços anteriores é a notável diversidade ambiental das amostras que analisamos”, acrescenta o pesquisador.

Para que o estudo fosse possível, os pesquisadores tiveram acesso a um enorme banco de dados com mais de 10 mil metagenomas. Isso quer dizer que nos arquivos, a equipe pôde encontrar material genético de uma amostra ambiental. A partir das informações coletadas, os cientistas puderam extrair e clonar qualquer DNA e, então, sequenciar este material utilizando fitas de genoma, mesmo antes de tentarem encaixar esses pequenos pedaços de DNA novamente todos juntos.

Binning

Para unir novamente as amostras, outra técnica inovadora foi utilizada pelos cientistas. Por meio da denominada binning, a equipe foi capaz de juntar 52.515 MAGs.

“Realizamos montagem metagenômica e binning em 10.450 metagenomas globalmente distribuídos de diversos habitats, incluindo oceano e outros ambientes aquáticos, humanos e ambientes associados a hospedeiros animais, bem como solos e outros ambientes terrestres, para recuperar 52.515 MAGs” destacou a equipe.

Reprodução

Estudo é considerado inovador, pois permitiu a descoberta de micróbios, mesmo sem desenvolvê-los em laboratório. Créditos: Gorodenkoff/Shutterstock

Mas a real descoberta ocorreu neste ponto da pesquisa, quando os estudiosos observaram que 12.556 das mais de 50 mil MAGs nunca haviam sido sequenciadas antes. Sobre a importância da descoberta, os cientistas afirmam que “o catálogo expande a diversidade filogenética conhecida de bactérias e arqueas em 44%”.

“Olhando pela árvore da vida, é impressionante quantas linhagens não cultivadas são representadas apenas por MAGs”, falou Nayfach. “Embora esses genomas sejam imperfeitos, eles ainda podem revelar muito sobre a biologia e a diversidade de micróbios não cultivados”, revelou o cientista, explicando ainda que muitas vezes faltarão partes do genoma se as análises forem feitas por meio de binning.

Fonte: Science Alert

Colaboração para o Olhar Digital

Leticia Riente é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital