Em busca de combater o racismo presente na área da saúde nos EUA, a startup americana Spora Health lançou, na segunda-feira (9), um serviço de assistência médica voltado para negros na Virgínia, Tenessee, Pensilvânia e Flórida.
A premissa da startup – que acaba de captar US$ 1,2 milhão – é direta: não só oferecer serviços acessíveis, mas também, igualitários aos negros. Ao TechCrunch, Dan Miller, fundador e CEO da Spora Health, lembra que “um sistema de saúde equitativo nunca existiu na América, especialmente para os negros e esse é o objetivo [da Spora Health]”.
A questão levantada por Miller envolve um racismo estrutural enraizado e perpetuado desde a chegada dos brancos na América e que, infelizmente ainda é realidade nos mais diversos campos da sociedade. No setor da saúde não é diferente. Do HIV ao câncer, os negros nos EUA têm maiores chances de serem afetados por doenças, ao mesmo tempo em que é menos provável de receberem o tratamento correto, de acordo com análise feita pelo The New York Times com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) americano.
Casos de negligência por conta de atos racistas implícitos são comuns nos hospitais, mundo afora. Foto: Hush Naidoo/Unsplash
Isso sem contar os algoritmos médicos acusados de racismo, as diferenças de diagnósticos e da maneira como são atendidos. Os atos podem até passar despercebidos para alguns, mas fato é que o preconceito implícito é uma das causas para as negligências médicas.
“Triagem” interna
Justamente para combater este preconceito obscuro que a Spora Health possui seu próprio sistema de seleção. Todos os profissionais médicos devem passar por um processo de entrevista do Instituto Spora, criado para reeducar os provedores e ajudá-los a entender seus preconceitos implícitos.
O procedimento se faz necessário, pois, de acordo com Miller, a abordagem em torno da equidade na saúde acontece apenas no primeiro ano de programa. “O que tende a acontecer no final da residência é que muitos desses preconceitos implícitos tendem a vir à tona novamente porque o currículo e o ambiente de treinamento não incorporam equidade e não pensam nas disparidades em certas populações”, aponta o CEO.
Segundo Dan Miller, CEO da Spora Health, também há uma escassez de médicos negros. Foto: Spora Health/Divulgação
Preço como diferencial
Apesar da missão árdua pela frente, o fundador da Spora Health acredita que a empresa pode entrar fortemente no mercado, principalmente competindo em preço com as demais empresas — tendo em vista as baixas despesas gerais de uma startup nova.
A mensalidade da Spora Health custa US$ 9,99 (cerca de R$ 54 em conversão direta) e garante o acesso à plataforma de atendimento, composta por médicos, enfermeiros, nutricionistas, dermatologistas, endocrinologistas, ginecologistas, entre outros.
Caso o paciente possua plano de saúde, na primeira visita, será cobrada uma taxa de co-participação nos moldes das outras instituições médicas americanas. Se o paciente não for assegurado, basta efetuar o pagamento de US$ 99 (R$ 536 em conversão direta) no primeiro atendimento.
Por ora, a Spora Health está adotando a abordagem de telemedicina, mas os planos para inaugurações de locais físicos devem ser alimentados à medida que a startup crescer no território americano.