As bolhas de plasma são um fenômeno que costumam aparecer nesta época no céu brasileiro e interferir no GPS brasileiro. Cientistas estudam há quatro décadas o acontecimento, que afeta também a agricultura, empresas de transporte e de logística, perfuração de petróleo, exploração de minerais e aviação entre outras indústrias, mas ainda sem respostas conclusivas.
Com o avanço da tecnologia, o fenômeno passou a ser mais notado por estragar horas de trabalho de pessoas que utilizam sistemas de navegação. “A gente usa o Waze, o Google Maps, a Amazon começou a entregar pizza com drones. O mundo espera uma resposta nossa”, afirmou Clézio Nardin, coordenador de Ciências Espaciais e Atmosféricas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Pesquisadores brasileiros e estrangeiros se uniram para tentar compreender as variações do fenômeno. O objetivo dos estudos é pensar em uma forma de contornar os efeitos causados pelas bolhas, para amenizar os prejuízos que abrangem diversas indústrias que movimentam o país.
O fenômeno
As bolhas formam-se principalmente após as 21h, mas são inconstantes, podendo desaparecer 24 horas depois. Elas têm cerca de 1.500 quilômetros de altura e 2 mil quilômetros de largura. Para entender sua formação, é necessário saber antes como funciona a ionosfera.
Os raios de sol realizam em determinada parte da atmosfera o que os cientistas chamaram de ionosfera – o aparecimento de íons, espécies químicas eletricamente carregadas. O plasma ionosférico ocorre com uma concentração excessiva de íons na ionosfera após o sol se pôr. Dessa forma, as bolhas se tornam regiões vazias entre as concentrações de plasma.
Somente equipamentos que captam imagens óticas de camadas superiores da atmosfera são capazes de identificar o fenômeno. Nardin recordou que quando os primeiros estudos surgiram, os cientistas eram tratados como loucos. Eles só foram mais aceitos após a difusão da tecnologia. Ainda assim, o assunto não é amplamente debatido pelo mundo. O coordenador estima que cerca de 200 pesquisadores estão analisando as bolhas, a maior parte localizada no hemisfério sul.
De acordo com Nardin, há um acordo entre o Inpe e a Aeronáutica sendo tratado para que o centro de previsão do instituto alerte a navegação aérea quando houver indícios de que as bolhas estejam sendo formadas.