Presidente da Huawei diz que Brasil poderia ‘se dedicar mais ao samba’

Ren Zhengfei disse, também, que os Estados Unidos tratam a América Latina como seu quintal
Vinicius Szafran12/12/2019 19h56, atualizada em 12/12/2019 21h00

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Com as medidas tomadas pelo governo e a parceria com empresas para o desenvolvimento tecnológico, o Brasil não deve se preocupar e pode “se dedicar mais ao samba, que nunca poderá ser substituído pela inteligência artificial“, afirmou o presidente da Huawei, Ren Zhengfei, em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Como maior pivô da guerra comercial entre China e Estados Unidos, Zhengfei partiu para o contra-ataque em sua primeira entrevista à imprensa latino-americana. “Os Estados Unidos tratam a América Latina como seu quintal. Nosso objetivo é ajudar o continente a sair dessa armadilha e manter a soberania de seus países”.

Os EUA atuam para que empresas chinesas sejam impedidas de atuar no mercado 5G de aliados, entre eles o Brasil. Para o executivo, a tecnologia chegará em um momento em que falta impulso para o Brasil ultrapassar os EUA. Além disso, mostrou-se preocupado com o leilão que ocorrerá no próximo ano, porque acredita que a legislação do país pode ser uma barreira para o desenvolvimento tecnológico.

O secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Julio Semeghini, afirma que o leilão deve ocorrer no fim de 2020, negando o adiamento. No entanto, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) adiou hoje (12) a decisão sobre as diretrizes do leilão da telefonia 5G.

Reprodução

Sobre o receio demonstrado pelo presidente Jair Bolsonaro sobre os chineses, Ren Zhengfei disse que “quando o presidente conhecer a Huawei vai mudar eventuais opiniões que tenha tido no passado”. O Brasil é seu maior mercado das Américas, região responsável por 6,6% do faturamento total. Hoje, 49% do faturamento da companhia vem de fora da China.

Sobre estar na lista de empresas banidas pelo governo norte-americano, Zhengfei diz que espera sair em breve e demonstrou não temer a guerra comercial travada entre a China e os Estados Unidos. O país que mais deve sofrer com o impacto no comércio é o México, atado aos EUA pelo Nafta, bloco econômico que reúne os dois países e o Canadá.

O CEO chinês ainda explorou a posição do país no Nafta: “A inteligência artificial pode revolucionar a indústria. Os Estados Unidos e o Canadá não são um bom lugar para desenvolver a manufatura, mas o México é. Com a IA, pode ter um futuro tão brilhante quanto a civilização maia”.

Via: Valor Econômico

Vinicius Szafran
Colaboração para o Olhar Digital

Vinicius Szafran é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital