China torna reconhecimento facial obrigatório às operadoras do país

País asiático adota a medida com o intuito de combater fraudes; Tecnologia é integrada a supermercados, sistemas de metrô e aeroportos
Redação02/12/2019 17h13, atualizada em 02/12/2019 19h15

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A China estipulou no domingo (1) novas regulamentações que obrigam às operadoras de telecomunicação utilizarem serviços de reconhecimento facial. As regras foram anunciadas em setembro e, agora, impactam diretamente na vida de milhões de chineses, que terão seus rostos examinados e estarão sob à alçada da nova tecnologia. Segundo o governo, a medida visa combater fraudes.

O Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação (MIIT), agência estatal chinesa estabelecida em 2008, não divulgou quais empresas registrarão os novos serviços de telefonia móvel, mas o país asiático comporta alguns dos líderes mundiais em software de reconhecimento facial, como o Megvii e o SenseTime.

As três maiores operadoras do país são a China Telecom, China Unicom e China Mobile. Não ficou claro se a lei vai ser aplicada às contas móveis existentes, mas ela será viabilizada para os novos usuários de smartphones.

Integração

Aeroportos, sistemas de metrô e supermercados já utilizam reconhecimento facial. O Alibaba, por exemplo, permite que os clientes paguem produtos na rede de supermercados Hema usando a tecnologia. Além disso, o grupo administra um hotel em Hangzhou onde os hóspedes podem digitalizar a face com seus celulares para realizarem o check-in antecipadamente.

Os sistemas de metrô anunciaram que também vão embarcar na onda inovadora. De acordo com o jornal estatal China Daily, Pequim usará o reconhecimento facial para “classificar passageiros” e possibilitar “diferentes medidas de verificação de segurança”. Em julho, a agência de notícias Xinhua informou que a capital chinesa estava em processo de instalação dos sistemas em 59 comunidades públicas de aluguel de casas.

Oposição

A adesão da tecnologia não tem oposição ativa entre os chineses, mas também não possui o consenso da população. Debates anônimos em plataformas de mídia social, como o Weibo, registraram que alguns cidadãos têm preocupações a respeito dos limites sobre o uso de dados pessoais, privacidade e ética. Em contrapartida, grande parte dos usuários afirmaram que as implicações são necessárias para combater fraudes.

Um dos raros casos de resistência ocorreu com um professor universitário, que processou um parque de vida selvagem em Hangzhou após o local substituir seu sistema de entrada de impressões digitais por um de reconhecimento facial. O homem, segundo o Southern Metropolis Daily, estava preocupado com o fato do sistema tentar roubar sua identidade e pediu reembolso da visita, que foi negado e resultou em um processo.

Exterior

Como forma de construir “cidades inteligentes”, países como Mianmar e Argentina adquiriram recentemente tecnologia de vigilância de empresas, como as chinesas ZTE e Huawei. Nos Estados Unidos, a guerra comercial entre as duas potências parece ser um problema. O país reagiu negativamente ao tratamento de empresas como Megvii e SenseTime às minorias muçulmanas.

Ademais, em outubro, os norte-americanos expandiram sua lista negra de comércio ao adicionar essas e outras empresas chinesas, impedindo-as de comprar componentes de companhias americanas sem a aprovação do governo.

Futuro

Atualmente, a tecnologia é testada somente em áreas como faixas de pedestres. Porém, a China divulgou que pretende expandir o acesso para outras funções, entre elas inscrições de estudantes para o Exame Nacional de Admissão à Faculdade.

Por outro lado, houveram solicitações de maior supervisão regulatória. No sábado (30), o People’s Daily pediu uma investigação acerca de segurança da tecnologia, pois informou que um de seus repórteres havia encontrado dados faciais à venda na internet com um pacote de 5 mil rostos pelo valor de 10 iuanes (US$ 1,42).

Via: Reuters

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital