Políticas dos EUA colocaram indústria tecnológica em risco, diz FMI

Protecionismo do governo norte-americano e guerra comercial com a China afetaram cadeias de produtividade globais, e ainda ameaçam o crescimento em 2020
Vinicius Szafran20/01/2020 20h40, atualizada em 20/01/2020 21h05

20200120054458

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nesta segunda-feira (20) um relatório sobre as perspectivas econômicas mundiais. Nele, afirma que as políticas promovidas pelos Estados Unidos colocaram a indústria da tecnologia em risco. O documento diz ainda que existem mais motivos para preocupação do que otimismo, já que o crescimento da economia global foi revisto para baixo.

Um dos maiores riscos apontados é o protecionismo do governo de Donald Trump. Segundo a análise do FMI, o aumento recente de tarifas de importação com seus parceiros comerciais internacionais “abalou o sentimento negocial” e contribuiu para freadas “cíclicas e estruturais” em muitos países em 2019.

Esse protecionismo, que se refletiu em uma guerra comercial com a China, prejudicou principalmente a indústria tecnológica, “colocando em risco cadeias logísticas mundiais”. O Fundo alerta para o uso de argumentos sobre segurança nacional e proteção monetária como pretextos para a expansão desse protecionismo, e questiona mudanças neste ano.

Reprodução

No ano passado, o baixo crescimento do comércio e da indústria mundial fez o planeta chegar ao “fundo do poço”, segundo o FMI. As tensões dos EUA com seus parceiros comerciais podem resultar em um crescimento ainda menor que o dos anos anteriores. “Uma solução duradoura para as tensões comerciais e tecnológicas continua a ser enganosa, embora hajam notícias esporádicas a respeito de negociações em andamento”, afirma o material.

Um exemplo é o acordo comercial fechado entre China e EUA recentemente, no qual a China se comprometeu a comprar US$ 200 bilhões em produtos americanos nos próximos dois anos, incluindo US$ 50 bilhões em itens de agricultura, que também são comprados do Brasil, como soja, algodão e porco. Em contrapartida, os EUA vão baixar as tarifas impostas sobre o equivalente a US$ 120 bilhões em produtos chineses que entram no país, de 15% para 7,5%. O acordo prevê também o fim da exigência para que empresas de tecnologia americanas transfiram conhecimento a companhias chinesas para entrar no mercado local. Os chineses se comprometem a respeitar a propriedade de marca e intelectual, coibindo a pirataria.

O FMI alerta que o resultado do aumento do protecionismo pode ser catastrófico, gerando um efeito cascata sobre o mercado financeiro, que buscaria reduzir a exposição a riscos. Empresas que precisem emitir debêntures terão de aumentar juros, assim como títulos soberanos. Haveria retração de gastos com maquinários, bens duráveis e equipamentos. Eventualmente, o setor de serviços seria afetado, e o mundo experimentaria uma desaceleração econômica mais forte.

Reprodução

Por fim, o FMI ressalta que os governos devem fortalecer a cooperação multilateral, ampliar a inclusão social, fortalecer a coesão social e assegurar o funcionamento de redes de segurança coletiva para proteção de pessoas mais vulneráveis.

A expectativa da entidade é que a economia mundial cresça 3,3% neste ano, um pouco acima dos 2,9% do ano passado. Os países emergentes deverão crescer 4,4% ante 3,7% de 2019. As previsões mostram que o FMI reduziu sua expectativa em 0,1% em relação ao previsto no relatório de 2018.

As economias que vão crescer menos que o estimado em 2019 são Brasil, Índia, Rússia, Turquia e México. Em 2019, o FMI acreditava em um crescimento de 1,3% do PIB brasileiro. Agora, diz que não passará de 1,2%. Em 2020, há melhora de perspectiva para o país, em virtude da aprovação da reforma da previdência e retomada do setor de mineração.

Via: TeleSíntese

Vinicius Szafran
Colaboração para o Olhar Digital

Vinicius Szafran é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital