Pela primeira vez, chip quântico do Google simula reações moleculares

Sycamore conseguiu prever as mudanças possíveis de uma molécula de diazeno; feito pode ser o primeiro passo para possibilitar avanços sem precedentes na medicina
Davi Medeiros28/08/2020 12h42, atualizada em 28/08/2020 13h00

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O chip quântico do Google, chamado Sycamore, realizou mais um feito impressionante. Após demonstrar, em 2019, sua capacidade de resolver problemas hipercomplexos em poucos minutos, o chip agora conseguiu simular reações químicas de forma sem precedentes, prevendo as mudanças possíveis na configuração de uma molécula de diazeno (H2N2).

Embora sua fórmula seja relativamente simples, o diazeno apresenta uma estrutura não linear. Isto significa que a molécula pode existir na forma de diferentes isômeros, a depender da posição de seus átomos de hidrogênio.

O Sycamore descreveu com precisão as variações possíveis da molécula, e fez isso utilizando apenas 12 dos 54 qubits presentes no processador. Além disso, a equipe usou o sistema para descrever qual seria a energia de ligação do hidrogênio em cadeias cada vez maiores.

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Sycamore, processador quântico do Google com 54 qubits. Imagem: Erick Lucero/Live Science

Avanços na medicina

Atualmente, um dos maiores desafios da indústria farmacêutica é simular, em detalhes, os desdobramento de moléculas de proteína e sua interação com novos medicamentos. Esse processo pode demandar muito tempo e energia, e otimizá-lo seria a chave para desenvolver remédios de forma mais rápida e eficiente.

Por isso, a computação quântica tem potencial para ocasionar uma verdadeira revolução na medicina, solucionando antigos problemas em questão de segundos. Possivelmente, o feito do Sycamore pode representar o primeiro passo para que, no futuro, a engenharia de moléculas seja capaz de criar remédios mais precisos contra o mal de Alzheimer, por exemplo.

Reprodução

Computação quântica tem potencial para revolucionar a medicina. Foto: PopTika/Shutterstock

Computação quântica x tradicional

Na computação tradicional, usada pelos PCs e celulares na atualidade, toda e qualquer informação é armazenada ou processada na forma de bits, que sempre são representados por 0 ou 1.

Já na computação quântica, os chamados qubits – bits quânticos – podem assumir inúmeros estados, num fenômeno conhecido como superposição.

Isso aumenta drasticamente a quantidade de informações que pode ser processada ao mesmo tempo, superando, assim, o funcionamento de computadores tradicionais, mesmo os mais potentes.

Tudo isso acrescenta possibilidades de simulações cada vez maiores no futuro. A expectativa é que os processadores sejam capazes de descrever materiais muito mais complexos que o diazeno. Isso pode trazer inúmeras possibilidades, desde a descoberta de produtos farmacêuticos até um melhor entendimento do universo.

Via: Science Alert

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital