Mark Zuckerberg e outros executivos do Facebook realizaram nesta terça-feira (7) um encontro com líderes do movimento Stop Hate For Profit, que tem feito com que anunciantes retirem seu dinheiro da rede social para forçar mudanças no controle ao discurso de ódio. Na visão dos organizadores do boicote, a reunião foi pouco produtiva.
Segundo Rashad Robinson, da organização Color of Change, participante do movimento, o encontro foi “uma decepção”, alegando que o Facebook não apresentou respostas claras sobre as demandas dos organizadores do boicote, que reuniu marcas de peso como Adidas, Coca-Cola, Ford, Honda, Levi’s, Microsoft, Mozilla, Pepsi, Puma, Reebok, Starbucks, Unilever e Vans, para mencionar apenas as empresas que são mais conhecidas no Brasil.
Os organizadores contam que, apesar do diálogo aberto, a empresa não se comprometeu de forma decidida sobre nenhuma das 10 demandas de controle a discursos de ódio, que são:
- Estabelecer uma infraestrutura de direitos civis, incluindo executivos de alto escalão capazes de avaliar produtos e políticas para discriminação, vieses e ódio;
- Submissão a auditorias externas regulares sobre discursos de ódio e desinformação, com resultados publicamente acessíveis;
- Oferecer auditoria e reembolso a anunciantes cujas marcas foram expostas ao lado de conteúdo que foi excluído por violar termos de serviço;
- Encontrar e remover grupos públicos e privados que se baseiem em temas como supremacia branca, milícias, antissemitismo, conspirações violentas, negação do Holocausto, desinformação sobre vacinas e negação das mudanças climáticas;
- Implementação de termos de serviço que ajudem a limitar e eliminar discursos radicais da rede social;
- Não recomendar ou amplificar discursos ou conteúdos associados ao ódio, desinformação ou conspiração;
- Criar mecanismos que marquem automaticamente conteúdo de ódio em grupos privados para avaliação humana;
- Garantir a precisão de informações políticas eliminando a exceção para políticos, proibir desinformação sobre eleições e chamados de violência por políticos em qualquer formato;
- Criar times de especialistas para analisar ódio baseado em identidade e assédio;
- Possibilitar que indivíduos enfrentando ódio e assédio severos possam se conectar com um funcionário do Facebook.
Como relata o site The Verge, a única recomendação que o Facebook realmente se dispôs a atender foi a de contratar alguém para ocupar uma posição dedicada a direitos civis, que supervisionaria esse tipo de moderação. No entanto, a companhia não garantiu que essa pessoa ocuparia um cargo executivo de alto escalão, então existe a possibilidade de que ela tenha poder limitado dentro da empresa. As outras nove demandas não receberam respostas.
Quando o Facebook foi questionado sobre o assunto, um representante da empresa disse que a reunião foi produtiva e criou a oportunidade “para ouvir dos organizadores da campanha e reafirmar o compromisso de combater o ódio na nossa plataforma”.
Publicamente, Sheryl Sandberg, COO do Facebook e a segunda pessoa mais influente na empresa, disse após o encontro que a companhia ainda tem muito a ser feito, mas que já foram dados grandes saltos para eliminar discurso de ódio da plataforma.
“Fizemos um progresso real ao longo dos anos, mas esse trabalho nunca termina e sabemos que o Facebook uma grande responsabilidade em aprimorar como identificar e remover conteúdos de ódio”, escreveu ela.