Oceano Atlântico registra sua década mais quente em quase 3 mil anos

Analisando dados coletados em sedimentos de um lago no Canadá, pesquisadores observaram que a velocidade do aquecimento recente na superfície do mar 'não tem paralelos'
Renato Mota13/10/2020 16h47

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O Oceano Atlântico atravessou sua década mais quente em pelo menos 2.900 anos, segundo um estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences. Os pesquisadores analisaram sedimentos da Ilha Ellesmere, no Canadá, para reconstruir a temperatura na superfície do mar nos últimos três milênios e descobriram que o Atlântico vem passando por um aumento sem precedentes na velocidade com que está esquentando.

“A variabilidade da temperatura da superfície do mar do Atlântico influencia fortemente o clima do hemisfério norte, incluindo o Ártico“, explicam os cientistas no estudo, que contou com apoio de pesquisadores da Universidade de Massachusetts Amherst e da Universidade de Quebec. “Os resultados mostram que o calor atual na temperatura da superfície do mar não é visto no contexto dos últimos três milênios”, completam.

O oceano naturalmente passa por uma oscilação para cima e para baixo na temperatura da sua superfície, que ao longo de centenas de anos, parece como um padrão de onda estável.  Nas fases com maior temperatura, há notadamente um maior número de furacões intensos, enquanto o oposto acontece em sua fase fria. Além dos furacões, a oscilação na temperatura do Atlântico também influencia o clima e as chuvas sobre as massas de terra imediatamente adjacentes ao oceano – chegando a lugares tão distantes como a Índia.

FotoKina/Shutterstock

Uma rua inundada após a passagem do furacão Irma por Fort Lauderdale, na Flórida (EUA). Imagem: FotoKina/Shutterstock

Para reconstruir a linha do tempo da mudança climática no Atlântico, os pesquisadores analisaram a mistura de gelo e sedimentos em um lago na Ilha Ellesmere, no Ártico canadense. Quando o oceano esquenta, é criada uma pressão maior sobre a região, resultando em uma camada de neve mais fina, com menos escoamento de sedimentos. Analisando o titânio presente nas camadas foi possível criar uma série temporal das temperaturas do Oceano Atlântico nos últimos 2.900 anos.

Entre as descobertas, os pesquisadores observaram que houve na região uma Pequena Idade do Gelo, que durou de 1300 até cerca de 1860. Desde então, a temperatura tem aumentado constantemente, com um pico acentuado nas últimas décadas. Os cientistas também compararam os dados coletados no Canadá com registros feitos na costa sul da Islândia, que cobrem os últimos 230 anos. Tomados em conjunto, os resultados mostram que “o aquecimento recente do Atlântico não tem paralelo” em pelo menos 2.900 anos.

Via: Gizmodo

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital