Novo implante cerebral não precisa estar no órgão para funcionar

Empresa desenvolveu sistema que cria comunicação entre dispositivo, introduzido pela jugular, e o cérebro sem precisar de grandes cirurgias; testes surtiram efeito em pessoas paralisadas por doença
Leticia Riente30/10/2020 17h42, atualizada em 30/10/2020 18h09

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A empresa de tecnologia Synchron talvez tenha inventado uma maneira de conectar o cérebro humano a implantes sem a necessidade de contato real com o órgão ou de cirurgias invasivas. O sistema de Interface Cérebro-Computador (BCI, na sigla em inglês) interpreta sinais neurais sem entrar em contato com o tecido cerebral. Desta forma, a comunicação entre os dois pontos será possível, mesmo à distância.

O que ocorre é que normalmente, implantes neurais exigem estar no topo ou dentro do cérebro humano para estabelecer uma conexão no mínimo eficiente. Mas esta localização pode danificar ou matar o tecido cerebral de maneiras que os cientistas ainda não entendem completamente.

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É comum que implantes cerebrais tenham que ser colocados diretamente no cérebro para funcionar; empresa traz conceito diferente. Créditos: Thisdesign/Shutterstock

Por isso, a empresa desenvolveu o BCI que permite que, no lugar de ser colocado diretamente no cérebro humano, o implante deslize em direção ao órgão por meio de uma veia jugular. Ousado, não?

Mas a Synchron vai ainda mais além, pois segundo ela, sua nova tecnologia foi elaborada para que sinais neurais sejam entendidos pelo implante, mesmo sem ele estar instalado no cérebro humano.

Testes

Para demonstrar na prática como o BCI funciona, a empresa já realizou testes em duas pessoas paralisadas por Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Os experimentos tornaram os pacientes capazes de enviar mensagens de textos sozinhos. Cabe destacar que nestes casos, o implante permaneceu nas vasculatura do corpo perto do cérebro. Os resultados foram publicados no Journal of NeuroInterventional Surgery na quarta-feira (28).

 “A tecnologia de stent autoexpansível foi bem demonstrada em aplicações cardíacas e neurológicas para tratar outras doenças. Simplesmente usamos esse recurso e colocamos eletrodos no topo do stent”, explicou o neurocientista e CEO da Synchron, Thomas Oxley.  “É totalmente implantável. Os pacientes voltam para casa em alguns dias. E é plug and play”, acrescentou Oxley.

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Novo dispositivo seria implantado e transportado ao cérebro por meio de uma veia jugular. Créditos: Journal of NeuroInterventional Surgery/Reprodução

O artigo também destaca que o sistema BCI “tem o potencial de restaurar os impulsos motores voluntários para controlar dispositivos digitais e melhorar a independência funcional em pacientes com paralisia grave devido à disfunção cerebral, medular, nervo periférico ou muscular”.

De qualquer forma, vale lembrar que o processo não é tão fácil para o paciente depois do procedimento. Isto porque ele precisa passar por semanas de treinamento para se adaptar ao software de inteligência artificial e entender o que cada impulso cerebral pode fazer. Mas depois deste período, a expectativa é que o paciente seja capaz de mover cursores de computador com rastreamento de olhos e ainda clicar com o mouse apenas pensando nisso.

Fonte: Futurism

Colaboração para o Olhar Digital

Leticia Riente é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital