Uma técnica de aprendizado de inteligência artificial (IA) tem sido usada para fazer um avanço na compreensão de várias características, anteriormente inexplicáveis, do cérebro humano. Pesquisadores do DeepMind, do Google, descobriram que um avanço recente no campo da ciência da computação pode ser aplicado à maneira como o sistema de dopamina do cérebro humano funciona.

A pesquisa, publicada na revista Nature, tem implicações para uma melhor compreensão da saúde mental, bem como para distúrbios de aprendizagem e motivação. Cientistas encontraram evidências de que algo chamado de “aprendizado de reforço distributivo”, usado nos algoritmos de IA, imita o “sistema de recompensas” de dopamina do cérebro.

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A técnica permite que o cérebro distribua a probabilidade de recompensas futuras, em vez de focar em ações que resultam em recompensas imediatas. “Descobrimos que os neurônios da dopamina no cérebro estavam sintonizados em diferentes níveis de pessimismo e otimismo”, explicam os pesquisadores. “Se eles fossem um coral, não estariam todos cantando a mesma nota, mas se harmonizando – cada um com um registro vocal consistente”, completam.

Normalmente, é a pesquisa de IA que pega elementos da neurociência para criar algoritmos, mas, desta vez, foi o contrário. “Nos sistemas de aprendizado por reforço artificial, essa sintonia diversificada cria um sinal de treinamento mais rico, que acelera o aprendizado em redes neurais, e especulamos que o cérebro possa usá-lo pelo mesmo motivo”, apontam os cientistas.

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O DeepMind já se inspirou na biologia para criar redes neurais, capazes de dominar os jogos, com um sistema que conseguiu pontuações nove vezes mais altas que os humanos em jogos de Atari.

No entanto, a empresa diz que as últimas descobertas são uma prova de que a neurociência também pode se beneficiar da pesquisa em IA para impulsionar a descoberta científica – um processo conhecido como “círculo virtuoso”.

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“A existência do aprendizado de reforço distributivo no cérebro tem implicações interessantes para IA e a neurociência. Esperamos que perguntar e responder a essas perguntas estimule o progresso na neurociência, e que traga retorno para beneficiar a pesquisa em IA completando o círculo virtuoso”, concluem os pesquisadores.

Via: Independent