Pesquisadores da Universidade McMaster desenvolveram uma nova técnica para tirar o DNA antigo de animais ou plantas do solo. São extraídos genomas de menos de uma grama de sedimento, ainda que os mesmos foram extintos há muito tempo. O método foi descrito na Quarternary Research, e permite que cientistas reconstruam a imagem mais avançada de ambientes de milhares de anos.
Usando a metodologia, os pesquisadores analisaram amostras de pergelissolo, solo encontrado na região ártica, de Yukon, no Canadá. Foram quatro pontos escolhidos na transição Pleistoceno-Haloceno, que ocorreu há cerca de 11 mil anos. Esse momento caracterizou a extinção de um grande número de animais, como mamute e mastodontes. Além disso, rendeu novas informações surpreendentes sobre a maneira como os eventos se desenrolaram, segundo os pesquisadores.
Nas amostras coletadas, os cientistas encontraram restos genéticos de muitos animais, como mamutes, cavalos, bisões, renas e milhares de plantas, tudo em apenas 0,2 gramas de sedimento. Com a metodologia, eles determinaram que mamutes peludos estavam vivos na região até 9.700 anos atrás, milhares de anos depois do que acreditavam.
Mamutes peludos viveram mais do que o imaginado anteriormente. Foto: Shutterstock
Nova metodologia
“O fato de alguns gramas de solo conterem o DNA de animais e plantas gigantes extintos de outra época permite que um novo tipo de trabalho de detetive descubra nosso passado congelado”, destacou o geneticista evolucionista Hendrick Poinar, principal autor do artigo. “Essa pesquisa nos permite maximizar a retenção de DNA e ajustar nossa compreensão das mudanças ao longo do tempo, o que inclui eventos climáticos e padrões de migração humana, sem restos preservados”, acrescentou.
A nova técnica resolve o antigo problema de separar o DNA de outras substâncias misturadas com sedimentos. O processo normalmente exigia tratamentos que destruíam grande parte do DNA utilizável. Assim, os pesquisadores demonstraram que é possível preservar muito mais DNA do que nunca. Isso é possível com a combinação de estratégias de extração.
“Os organismos estão constantemente eliminando células ao longo de suas vidas. Muito desse material genético é degradado rapidamente, mas uma pequena fração é protegida por milênios por meio da ligação de minerais sedimentares e desaparece lá esperando o que recuperemos e estudemos”, finalizou Tyler Murchie, outro autor do estudo.
Via: Phys