Cientistas projetam molécula que impede o Sars-Cov-2 de infectar células

Experimentos feitos em laboratório descobriram que a criação pode se prender à proteína do vírus por até uma semana, impedindo a infecção
Luiz Nogueira09/09/2020 15h47, atualizada em 09/09/2020 16h00

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Pesquisadores do Howard Hughes Medical Institute publicaram no bioRxiv, servidor de pré-impressão, um estudo sobre o desenvolvimento de uma molécula que se adere firmemente à proteína spike do novo coronavírus. Com isso, o vírus é impedido de infectar as células humanas.

No futuro, é possível que essa criação seja usada em um medicamento em aerossol para tratar ou prevenir a Covid-19. Apesar das promessas do projeto, seu processo de desenvolvimento foi, de certa forma, curioso. Isso porque os cientistas utilizaram propriedades encontradas em alguns animais, como a lhama.

As alpacas e as lhamas têm uma versão mais simples dos anticorpos encontrados em humanos – apenas um décimo do tamanho e menos componentes. Esses anticorpos são chamados de “nanocorpos”. “Devido à sua forma única, muitas vezes podem caber profundamente em fendas das proteínas”, diz Aashish Manglik, engenheiro de proteínas e um dos coautores do estudo.

Embora a pesquisa possua caráter preliminar, a equipe por trás da descoberta espera que o avanço seja um dos principais componentes de um medicamento antiviral que pode ser aplicado por meio de spray nasal.

Condução do estudo

Em uma série de experimentos de laboratório, os pesquisadores separaram bilhões de nanocorpos em grupos diferentes para testar quantos seriam necessários para impedir que um vírus se agarrasse fortemente a uma célula.

Reprodução

Em uma imagem de demonstração, é possível ver que as moléculas (identificadas pela cor rosa) aderem às proteínas do vírus (representadas pela cor azul). Foto: Peter Walter and Manglik Labs / UCSF / HHMI

Eles obtiveram êxito ao ligar três pequenas moléculas em cadeia. Isso fez com que a proteína spike do vírus fosse inutilizada, impedindo a ligação com as células humanas. Em experimentos feitos com tubos de ensaio, os especialistas calcularam que essa cadeia seria capaz de aguentar por mais de uma semana. Isso quer dizer que, se aprovado o projeto, aplicações regulares do composto nas narinas poderiam proteger indivíduos de contrair o vírus.

Apesar da ideia promissora, o trabalho ainda não foi revisado por pares. Atualmente, os autores do estudo procuram parceiros que possam produzir e testar o composto com segurança.

A disponibilização de uma droga com nanocorpos em aerossol “é uma possibilidade empolgante, mas ainda não demonstrada. Seria muito importante ver quanto tempo um nanocorpo aplicado em aerossol permanece no sistema respiratório”, diz Andrew Kruse, bioquímico da Harvard Medical School, ao comentar o projeto.

Via: Phys

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital