Microsoft usa o Edge para instalar Office Web sem permissão

Atalhos para as versões web do Word, Excel, PowerPoint e Outlook estão aparecendo automaticamente em PCs rodando o Edge e Windows 10
Rafael Rigues19/10/2020 12h12, atualizada em 19/10/2020 12h15

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A Microsoft está usando o navegador Edge para instalar automaticamente, e sem permissão, as versões web de aplicativos do Microsoft Office (Word, Excel, PowerPoint, Outlook) nos computadores de seus usuários.

Inicialmente, acreditava-se que este era um teste limitado aos Windows Insiders, usuários que ajudam a Microsoft a testar novos recursos do Windows antes de seu lançamento ao público. Entretanto, os apps foram encontrados em PCs rodando a versão corrente do sistema (2004), inclusive em computadores da equipe de redação do Olhar Digital.

Os aplicativos são PWAs (Progressive Web Apps), as mesmas versões web que podem ser acessadas no site do Office 365. Eles podem ser “instalados” no computador para que rodem em uma janela separada do navegador e ofereçam uma experiência de uso mais similar à de um app tradicional, mas ainda rodam “na nuvem” e precisam de uma conexão à internet para funcionar. Para usá-los, é necessária uma conta Microsoft, que pode ser criada gratuitamente.

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Apps do Office 365 na lista de web apps instalados pelo Edge. Imagem: Captura/Olhar Digital

Como são atalhos para serviços na web, quase não ocupam espaço no computador onde são instalados. No caso do Olhar Digital, o tamanho do app não é informado na seção “Adicionar ou remover programas” nas configurações do sistema. Nesta mesma seção é possível desinstalar o app.

A instalação foi feita na última quinta-feira (15). Em nenhum momento os apps foram oferecidos ao usuário, ou uma permissão para instalação foi solicitada. Eles simplesmente “apareceram” no sistema.

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App do Excel na lista de aplicativos instalados no sistema. Tamanho do app não é informado. Imagem: Captura/Olhar Digital

O ponto-chave da questão é que a Microsoft parece estar se aproveitando de liderança entre os sistemas operacionais para PCs, com mais de 77% do mercado em setembro deste ano, para promover seus outros produtos, algo que a concorrência não tem acesso e pode ser considerado uma prática anticompetitiva. Afinal de contas, se o usuário “já tem” o Word, para quê procurar uma alternativa como o Google Docs ou LibreOffice?

É a mesma prática que levou a empresa a ser investigada por práticas monopolistas pelo governo dos EUA na década de 90, quando distribuía o Internet Explorer como parte do sistema operacional, prejudicando concorrentes como o Netscape Navigator.

Procurada pela redação, a Microsoft ainda não se posicionou sobre o assunto.

Fonte: Windows Latest

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital