O mercado de smartphones é hoje bem mais saudável que o de PCs. As vendas de aparelhos móveis estão constantemente em crescimento, enquanto as de computadores caem um pouco mais a cada trimestre. Ainda assim, há quem queira preencher a lacuna que separa os dois formatos apostando na experiência do usuário.

É para isso que surgiram os PWAs. Progressive Web Apps são aplicativos baseados na web com recursos offline que os tornam semelhantes a programas instalados localmente. Eles funcionam no Android e também no Windows 10, e assim prometem aproximar o mundo dos usuários de PC do mundo dos smartphones.

O termo foi utilizado pela primeira vez em 2015 por Frances Berriman e Alex Russell, membros da equipe responsável pelo Google Chrome. A ideia original era a de criar um formato de aplicativo que fosse mais leve e mais econômico do que os apps comuns, mas sem perder as vantagens do modelo tradicional.

Para isso, eles decidiram dar um upgrade nos web apps que já eram utilizados há algum tempo. Web apps são, basicamente, sites que se comportam como aplicativos. São páginas da internet, acessíveis pelo navegador a partir de uma URL, mas que podem ser usados para “imitar” os apps que você baixa no Google Play.

Qual a vantagem? Web apps não precisam ser instalados e não ocupam espaço na memória interna do celular. Também por isso exigem menos energia da bateria e menor dedicação do processador. A desvantagem: eles não funcionam direito sem uma boa e sempre constante conexão com a internet. E estão sempre ligados ao navegador.

É aí que entram os web apps progressivos: os PWAs têm a mesma vantagem dos web apps comuns (economia de recursos do celular), mas, por outro lado, podem ser adaptados para rodar alguns recursos offline, deixando bastante conteúdo em cache, e com suporte a notificações em muitos casos.

O Twitter, por exemplo, pode ser usado num smartphone Android sem instalação e sem depender do Google Chrome, mas como um PWA. Até parece um aplicativo comum, mas é, na verdade, um site com recursos focados na experiência mobile do usuário. A proposta é tão atraente que chamou a atenção até da Microsoft.

No começo deste ano, a Microsoft anunciou que passaria a listar PWAs na loja de aplicativos do Windows, a Microsoft Store. Com esse movimento, PCs poderão finalmente rodar programas como se fossem apps de celular, com todas as vantagens e desvantagens do formato que vem se popularizando no Android.

A proposta da Microsoft Store é a de permitir o download de apps para Windows que se comportem como apps de celular, só que no PC. A ideia é oferecer mais intuitividade ao usuário, abolindo aquelas múltiplas etapas exigidas na instalação de programas de 32 ou 64 bits para a arquitetura de computadores.

O problema é que pouca gente quer desenvolver apps para a Microsoft Store. A loja tem exigências complexas e boa parte do público usuário de PCs está mais acostumado a programas do que aplicativos básicos no desktop. Você até pode baixar um app do Facebook no Windows 10, mas é muito mais prático e econômico apenas acessar a rede social pelo navegador digitando facebook.com.

A partir do momento em que a Microsoft adotou os PWAs para o Windows, essa lacuna ganha a promessa de ser preenchida. O formato oferece a praticidade e intuitividade de um app de celular com a segurança e a confiabilidade de um programa de PC, mas ainda dentro de um emulador de navegador que garante a estabilidade da experiência.

O caso da Netflix é um bom exemplo. O aplicativo para Windows 10 disponível na Microsoft Store não é tão estável quanto a versão acessível pelo navegador. Mas e se você pudesse usar a Netflix como um app, sem todo aquele visual de navegador, mas com a estabilidade e eficiência da versão disponível em netflix.com? Isso é o que o formato PWA oferece.

Ainda é cedo para dizer se o formato vai mesmo dominar o mundo dos smartphones e PCs. Google e Microsoft começaram a apostar nele só em 2018, e ainda são poucos os desenvolvedores que dão prioridade a ele enquanto estão trabalhando em seus apps e programas. Mas, no momento, o PWA é o único com boas chances de estabelecer a tão sonhada ponte entre o mobile e o desktop.