Humanos são programados para viver apenas 38 anos, diz estudo

Cientistas australianos descobriram uma forma de usar mutações no DNA para determinar a longevidade de várias espécies de vertebrados, inclusive os seres humanos
Rafael Rigues13/12/2019 15h19

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Pesquisadores do CSIRO, a agência governamental australiana que coordena a pesquisa científica no país, desenvolveram um método para medir a longevidade de uma espécie na natureza através de marcas em seu DNA. E fizeram uma descoberta surpreendente: somos “programados” para viver apenas 38 anos.

“Existem muitos genes ligados à longevidade, mas as diferenças entre as sequências de DNA desses genes não parecem explicar as diferenças na longevidade entre espécies”, disse o Dr. Ben Mayne, pós-doutorando associado ao CSIRO. “Em vez disso, acreditamos que a densidade de um tipo especial de mutação no DNA, chamada metilação do DNA, determina a longevidade natural dos vertebrados”.

“A metilação do DNA não altera a sequência de um gene, mas age como um interruptor e ajuda a controlar se e quando ele está ligado. Usando o tempo de vida conhecido de 252 espécies diferentes de vertebrados, fomos capazes de prever com precisão a longevidade através da densidade de metilação do DNA que ocorre em 42 genes diferentes. Estes genes provavelmente são bons alvos para o estudo do envelhecimento, o que é de enorme significado biomédico e ecológico “.

Para calibrar seu método, cientistas usaram como base o genoma de animais com longevidade conhecida, disponível em bancos de dados públicos como o NCBI Genomes e a Animal Ageing and Longevity Database.

Usando este método, os cientistas conseguiram determinar que a longevidade de uma Baleia da Groenlândia pode chegar a 268 anos, 57 anos a mais do que se acreditava possível. Um Mamute Lanoso, extinto há cerca de 10 mil anos, vivia 60 anos. Já a recém extinta tartaruga-gigante da ilha Pinta, no arquipélago de Galápagos, poderia chegar a 120 anos. O último exemplar da espécie, conhecido como “George Solitário”, morreu em 2012 aos 102 anos.

Ao analisar o genoma de hominídeos, os cientistas descobriram que os extintos Denisovanos e Neandertais podiam viver até 37,8 anos, o mesmo que os humanos modernos na mesma época.

Então, porque vivemos muito mais do que isso? A resposta é simples: uma combinação de avanços na medicina, mudanças no estilo de vida e melhor alimentação aumentaram nossa “validade”. O mesmo pode ser observado em outros animais: a longevidade média de um gato doméstico é de 15 anos, mas há casos registrados de animais que, com cuidado adequado, viveram mais de 30.

Fonte: CSIRO

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital