5G chega ao Brasil antes mesmo do leilão da Anatel

Com uso de tecnologia de compartilhamento de espectro, Claro vai oferecer experiência até 12 vezes mais rápida aos seus clientes
Cesar Schaeffer02/07/2020 19h59

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Nesta quinta-feira (2), a Claro – em uma ação quase “conjunta” com o lançamento de dois novos smartphones da Motorola compatíveis com a tecnologia 5G – anunciou a chegada de uma novidade à rede da operadora; o 5G DSS. Assim, a operadora promete ser primeira a ativar uma rede comercial 5G no país – antes mesmo da realização do leilão do espectro de frequências destinado à conexão de quinta geração.

Mas, calma. 5G no Brasil? Antes mesmo do desfecho da novela do leilão das faixas de frequência no país, que segundo o próprio presidente da Anatel só deve rolar no início de 2021? Como isso é possível? O Olhar Digital explica.

Dynamic Spectrum Sharing

Assim como o 4,5G (ou LTE Advanced) foi uma evolução natural do 4G e já é ofertado por quase todas as operadoras nacionais, a adoção da tecnologia DSS anunciada pela Claro também pode ser encarada como mais um degrau na evolução das redes de telecomunicações móveis rumo ao 5G. Apesar do nome da oferta, a diferença está na sigla “DSS”, de Dynamic Spectrum Sharing (ou, em tradução livre Compartilhamento Dinâmico de Espectro). 

O que a tecnologia (DSS) faz é redistribuir as faixas de frequências já disponíveis e utilizadas na rede 4G. Assim, as operadoras não precisam necessariamente esperar o licenciamento do 5G no país para começar a dar os primeiros passos nesta direção. Nos Estados Unidos, por exemplo, AT&T e Verizon também utilizam o compartilhamento de espectro em suas redes 5G. 

E é exatamente o que a Claro vai fazer para habilitar o lançamento por aqui enquanto espera o leilão para a adição de novas faixas de frequências para a utilização do 5G.

Com a compra da Nextel no final de 2019, a Claro é hoje a operadora com maiores fatias de frequência em praticamente todo o país, segundo dados da Anatel. Isso facilita a operação, uma vez que a empresa pode, no início, compartilhar o espectro sem causar uma queda de qualidade para os assinantes que usam a rede 4G.

Quando se fala em 5G, é preciso citar uma série de outras tecnologias envolvidas. O 5G, explica o vice-presidente da 5G Americas para América Latina e o Caribe, é um ecossistema completo que envolve antenas inteligentes, agregação de operadoras, DSS, entre outras tecnologias. “[O DSS] é uma tecnologia de transição que facilita oferta do 5G em situações onde ainda não há espectro suficiente para alocar somente o 5G. É como uma tecnologia de transição”, completa Otero em entrevista ao Olhar Digital.

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Jose Otero, vice-presidente da 5G Americas para América Latina e Caribe / Foto: divulgação

5G “de verdade” no Brasil em 2020

O mais interessante é que o 5G através do compartilhamento dinâmico de espectro, o DSS, promete uma experiência muito superior ao usuário se comparado ao atual 4G disponível no país. A Claro diz que os clientes que tiverem aparelhos compatíveis com o 5G poderão experimentar, nos locais onde a tecnologia DSS for ativada, velocidade de navegação até 12 vezes superior às do 4G. “Os primeiros usuários deverão ter uma experiência incrível. Mas isso só o tempo vai dizer”, pondera Otero.

Ainda se sabe pouco sobre o lançamento da rede 5G da Claro. A sueca Ericsson será a responsável pelo desenvolvimento da tecnologia DSS. As outras empresas envolvidas no anúncio, Ericsson, Motorola e Qualcomm, dizem que só darão detalhes sobre a implantação da rede, cobertura inicial, e início das vendas do serviço, na próxima semana. O que foi anunciado nesta quinta é que a nova rede já será usada para iniciativas de telemedicina e educação à distância, em combate à crise causada pela pandemia de Covid-19.

“A chegada do 5G DSS permite oferecer uma primeira experiência com a quinta geração das redes móveis, utilizando tudo que temos investido e que já está disponível hoje”, diz José Félix, presidente da Claro.

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Brasil é o terceiro país da América Latina a lançar rede 5G

Na América Latina, o Brasil será o terceiro país – atrás somente do Uruguai e de Porto Rico – na ativação de uma rede 5G comercial. “Muitos outros [países] irão utilizar a tecnologia DSS. Mas tudo vai depender da quantidade de espectro que cada operadora tem”, diz o executivo da 5G Americas.

A Claro, juntamente com as outras operadoras do país, aguarda o leilão das frequências específicas para o 5G – principalmente as faixas de 3,5 GHz e de 26 GHz (as ondas milimétricas). Ainda assim, o 5G DSS é uma forma de trazer uma evolução rápida e que vem sendo utilizada como alternativa pelas maiores operadoras do mundo, inclusive em economias desenvolvidas, como Estados Unidos e Europa, e onde o espectro de 3,5GHz e de ondas milimétricas já foi alocado.

“A vantagem [da Claro] é começar a vender 5G antes com ótima qualidade”, explica Jose Otero. Mas, o especialista diz também que essa qualidade vai depender da quantidade de usuários 5G na rede. “Quando crescer, vai ser preciso usar o espectro dedicado para atender novos assinantes. Se somente crescer usando DSS, usando as mesmas faixas do 4G, o momento de saturação pode chegar rapidamente. De qualquer forma, é uma boa oportunidade para iniciar uma transição mais cedo.”

Redator(a)

Cesar Schaeffer é redator(a) no Olhar Digital