Futuro de bebês geneticamente modificados pode depender de Putin

O futuro dos bebês CRISPR pode estar nas mãos do presidente russo, que caracteriza a tecnologia como 'uma bomba nuclear'
Redação01/10/2019 12h11, atualizada em 01/10/2019 13h00

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Em uma reunião secreta, um grupo de geneticistas russos se encontraram com funcionários da saúde do governo para debater sobre a criação de bebês geneticamente modificados com a tecnologia de edição de genes, conhecida como CRISPR. As informações são da agência de notícias Bloomberg.

A proposta veio do cientista Denis Rebikov, uma das principais vozes do assunto, e discute se o país deve retomar as pesquisas envolvendo o CRISPR que estava até então na mão da China, mas que teve os empreendimentos parados em meio a críticas de suas falhas éticas e uma investigação criminal. Como resultado das produções chinesas, ano passado nasceu a primeira criança geneticamente modificada como parte de um projeto de criar humanos resistentes ao HIV.

Agora, a questão está nas mãos do Kremlin. Segundo Dmitry Peskov, o porta-voz do governo, a edição de genes não é um “assunto presidencial”. Ainda, a ministra da saúde Veronika Skvortsova disse à Bloomberg que “um comitê de ética lidará com essa questão muito complicada”.

Se o governo russo aponta que o debate não é tangível às questões presidenciais, a reportagem da agência de notícias aponta que a conclave da edição de genes teve a presença da endocrinologista pediátrica Maria Vorontsova, a filha mais velha de Putin. Outros repórteres afirmam ainda que Vorontsova acredita que o progresso científico não pode ser retardado, mas controlado.

Desde junho, Rebikov comenta publicamente que deseja seguir as pesquisas chinesas e criar seres humanos resistentes ao vírus da Aids e também, trabalhar com os filhos de casais surdos para que estes possam escutar.

O Centro Nacional de Pesquisa em Obstétrica Ginecologista e Perinatologia de Kulakov, instituto em que Rebikov trabalha, possui planos de enviar em outubro uma solicitação às autoridades de saúde para que a segurança do CRISPR seja revisada. “Eu quero que regras sejam estabelecidas, mas ninguém está trabalhando nisso”, disse Rebikov.

Vários cientistas comentam que editar embriões e transformá-los em pessoas é muito arriscado e que o preço pode ser alto. Rebikov discorda e aponta que o preço não é tão caro e pode ser comparado ao valor de um automóvel. “Consigo ver os outdoors: você escolhe: um Hyundai Solaris ou um super filho? ”, disse à reportagem da agência.

Putin já fez alguns comentários sobre a edição de genes, como o de que seria uma tecnologia similar à uma bomba nuclear e à criação de soldados que não sentem dor. Mesmo assim, o presidente direcionou US $ 2 bilhões para pesquisas genéticas.

A decisão do Kremlin a respeito destas questões pode impactar o mundo inteiro, mas por ora é incerto.

Via: Technology Review

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital