Muitas empresas estão conversando com a Comissão Federal do Comércio (FTC) como parte de uma investigação antistruste sobre práticas do Facebook. Os concorrentes da rede social detalham táticas agressivas da empresa de Zuckerberg. Entre eles a Snap, criadora do Snapchat, tem críticas duras para dizer aos investigadores.

A equipe judicial da Snap mantém há anos um documento sobre as formas que o Facebook encontrou para impedir a ascensão dos negócios da empresa. Segundo o dossiê, apelidado de “Projeto Voldemort”, a empresa de Zuckerberg fez várias ações que se qualificam como concorrência desleal, entre as quais desestimular influenciadores de mencionar a Snap em suas contas de Instagram e, de acordo com suspeitas dos executivos da concorrente, o impedir que conteúdo da Snap aparecesse no Instagram.

Segundo eles, o Instagram dizia que os influenciadores perderiam o selo de verificação azul de suas contas se mencionassem o Snap, além de impedir buscas com termos relacionados à concorrente no Instagram e Facebook. Mais que isso, o “Projeto Voldemort” menciona uma regra, criada em 2016, que impedia usuários de criar links para seus perfis no Snapchat.

A investigação da FTC está a indo a fundo nas práticas do Facebook. Além de falar com concorrentes, o órgão contatou startups que faliram depois de terem o acesso à rede social cortado, além de contatar também empresas compradas pela gigante do Vale do Silício.

As conversas demonstram que a FTC “está montando um quadro do que pode ser um padrão de comportamento que envolve bloquear a concorrência”, disse Gene Kimmelman, assessor sênior da Public Knowledge, uma organização de defesa do consumidor que se concentra em questões de tecnologia.

Enquanto isso, dentro do Facebook, fontes disseram que a empresa está preocupada com as revelações que possam surgir das bocas dos concorrentes e, por isso, pensam em maneiras de melhorar o relacionamento com outras empresas.

  • Onavo

Um dos principais focos de discussão da FTC é a compra de uma pequena empresa de proteção de dados chamada Onavo pelo Facebook em 2013. Após a aquisição, suspeita-se que a empresa pode ter captado dados dos usuários a partir do app de VPN da Onavo, que supostamente deveria ser usado para proteger as informações.

Em 2017, dados da Onavo foram citados frequentemente em pacotes de pesquisa e estratégia internos da empresa, de acordo com ex-empregados e documentos internos do Facebook. O aplicativo foi, então, desativado.

Além disso, o Onavo permitia que o Facebook acessasse dados estatísticos sobre seus concorrentes, o que classificaria a ação como concorrência desleal. Ex-empregados disseram que em determinados momentos a empresa de Zuckerberg conseguia ver dados específicos como quantidade de mensagens enviadas pelos usuários do Snap ou tempo dedicado em cada função do aplicativo, graças ao Onavo.

  • Compra de empresas pelo Facebook

Outro foco da investigação é determinar se Mark Zuckerberg, presidente-executivo e do conselho do Facebook, adquiriu ou tentou adquirir startups que ele temia pudessem se tornar concorrentes mais tarde, de acordo com pessoas familiarizadas com a investigação.

Aqui, o caso do Snap aparece mais uma vez em evidência, visto que o Facebook tentou adquirir a empresa, porém os executivos não aceitaram a proposta. Depois, o gigante das redes sociais copiou funções da concorrente, como Stories, e vimos a decadência da Snap acontecer gradualmente.

A porta-voz do Facebook disse que os consumidores ganham mais escolhas quando duas empresas oferecem serviços e recursos semelhantes.

Via: Folha de São Paulo