Os entregadores de aplicativos delivery realizaram, neste último sábado (25), a segunda paralisação nacional em julho contra plataformas iFood, Rappi, Uber Eats e Loggi. Conhecido como BrequeDosApps, o movimento luta por melhores condições de trabalho e salários maiores.

Apesar de paralisações registradas em diversos estados, a adesão foi menor em relação ao dia 1º de julho. No Twitter, o assunto foi o mais comentado de sábado.

 

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Em São Paulo, a Avenida Paulista foi um dos pontos de concentração dos manifestantes. Foto: Roberto Parizotti/Fotos Públicas

 

As pautas exigidas aos apps foram mantidas: reajuste de preço por quilômetro rodado, reajuste anual, fim de bloqueios indevidos, garantia de equipamentos de proteção (EPIs) para entregas em razão da pandemia, apoio contra acidentes e uma tabela de preços — combinada entre aplicativos e entregadores.

Diferentemente do 1º ato, a paralisação não contou com forte adesão de sindicatos e associações. Alessandro da Conceição, um dos organizadores em Brasília, explicou o motivo de uma manifestação mais autônoma. “A categoria optou pela não ajuda de sindicatos, porque foram oportunistas no primeiro breque. É um movimento sem partidos, da categoria”, afirmou Alessandro.

Desde o começo das manifestações, um manual de instruções em prol do ato foi colocado em circulação nas redes sociais. A cartilha estimulava as pessoas cozinharem em casa, subirem as hashtags #BrequeDosApps e #ApoioBrequeDosApps no Twitter, além de solicitar aos usuários que  avaliassem negativamente os aplicativos na Google Play Store ou App Store.

 

Em São Paulo, alguns manifestantes protestaram em frente ao shopping Center 3, na Avenida Paulista. O foco de concentração, no entanto, aconteceu em frente ao estádio do Pacaembu, zona oeste da cidade.

Já no Rio de Janeiro, os entregadores se reuniram na região central, próximo à Igreja da Candelaria. Na zona sul do estado, uma carreata percorreu o caminho de Rio de Janeiro até Niterói.

 

 

Pesquisa

Diante do descontentamento dos entregadores, o iFood contratou o Ibope para fazer uma pesquisa com mil profissionais de delivery, entre os dias 17 e 18 de julho. Os resultados mostraram que:

  • 70% preferem o atual modelo de trabalho, e 30% optam pelos moldes CLT;
  • 40% apoiaram a greve do dia 1º de julho, enquanto 23% não foram de acordo; 18% foram indiferentes;
  • 31% não fizeram entregas no primeiro ato e 27% trabalharam normalmente;
  • 53% acham a participação de sindicatos negativa, enquanto 24% apoiam a participação do setor.

 

Aplicativos se defendem

Em resposta, os aplicativos de delivery se posicionaram sobre os protestos.

iFood: a empresa disse que “respeita os direitos democráticos, à manifestação e à livre expressão” e disse aberta ao diálogo. O aplicativo também afirmou que já atende alguns requisitos solicitados, como valor mínimo por entrega, distribuição de equipamentos de proteção e apoio contra acidentes.

Rappi: na mesma linha, o aplicativo afirmou respeitar as manifestações e se mostrou disposto a colaborar em busca de melhorias operacionais. A empresa afirmou que práticas como seguro de vida, programa de pontos, distribuição de EPIs, fundos de apoio para entregadores infectados pela Covid-19 e canais para questionamento de bloqueios já foram disponibilizadas.

Uber Eats: a companhia comunicou que as medidas como distribuição gratuita ou reembolso pela compra de EPIs, fundos para o pagamento de infectados pela Covid-19 e seguro contra acidentes pessoais, já estão em prática.

A Loggi, até o fechamento da matéria, não se manifestou.  

 

Via: Uol