Os entregadores de aplicativos delivery realizaram, neste último sábado (25), a segunda paralisação nacional em julho contra plataformas iFood, Rappi, Uber Eats e Loggi. Conhecido como BrequeDosApps, o movimento luta por melhores condições de trabalho e salários maiores.
Apesar de paralisações registradas em diversos estados, a adesão foi menor em relação ao dia 1º de julho. No Twitter, o assunto foi o mais comentado de sábado.
Em São Paulo, a Avenida Paulista foi um dos pontos de concentração dos manifestantes. Foto: Roberto Parizotti/Fotos Públicas
As pautas exigidas aos apps foram mantidas: reajuste de preço por quilômetro rodado, reajuste anual, fim de bloqueios indevidos, garantia de equipamentos de proteção (EPIs) para entregas em razão da pandemia, apoio contra acidentes e uma tabela de preços — combinada entre aplicativos e entregadores.
Diferentemente do 1º ato, a paralisação não contou com forte adesão de sindicatos e associações. Alessandro da Conceição, um dos organizadores em Brasília, explicou o motivo de uma manifestação mais autônoma. “A categoria optou pela não ajuda de sindicatos, porque foram oportunistas no primeiro breque. É um movimento sem partidos, da categoria”, afirmou Alessandro.
Desde o começo das manifestações, um manual de instruções em prol do ato foi colocado em circulação nas redes sociais. A cartilha estimulava as pessoas cozinharem em casa, subirem as hashtags #BrequeDosApps e #ApoioBrequeDosApps no Twitter, além de solicitar aos usuários que avaliassem negativamente os aplicativos na Google Play Store ou App Store.
🗣ï¸Â ATENÇÃO 🗣ï¸ÂÂÂÂÂ
Manual de como os usuários podem apoiar na greve nacional dos entregadores #ApoioBrequeDosAPPs #EntegadoresAntifascistas #1DiaSemApp #BrequeDosApps pic.twitter.com/6M6fRcrSxO
— aninha, dobradora de algoritmos (@pamonhasdavovo) June 14, 2020
Em São Paulo, alguns manifestantes protestaram em frente ao shopping Center 3, na Avenida Paulista. O foco de concentração, no entanto, aconteceu em frente ao estádio do Pacaembu, zona oeste da cidade.
Já no Rio de Janeiro, os entregadores se reuniram na região central, próximo à Igreja da Candelaria. Na zona sul do estado, uma carreata percorreu o caminho de Rio de Janeiro até Niterói.
Segundo #BrequeDosApps no Rio! Nossa solidariedade aos trabalhadores e trabalhadoras de aplicativo. A luta é por dignidade! pic.twitter.com/rA36Di5Xgq
— David Miranda (@davidmirandario) July 25, 2020
Pesquisa
Diante do descontentamento dos entregadores, o iFood contratou o Ibope para fazer uma pesquisa com mil profissionais de delivery, entre os dias 17 e 18 de julho. Os resultados mostraram que:
- 70% preferem o atual modelo de trabalho, e 30% optam pelos moldes CLT;
- 40% apoiaram a greve do dia 1º de julho, enquanto 23% não foram de acordo; 18% foram indiferentes;
- 31% não fizeram entregas no primeiro ato e 27% trabalharam normalmente;
- 53% acham a participação de sindicatos negativa, enquanto 24% apoiam a participação do setor.
Aplicativos se defendem
Em resposta, os aplicativos de delivery se posicionaram sobre os protestos.
iFood: a empresa disse que “respeita os direitos democráticos, à manifestação e à livre expressão” e disse aberta ao diálogo. O aplicativo também afirmou que já atende alguns requisitos solicitados, como valor mínimo por entrega, distribuição de equipamentos de proteção e apoio contra acidentes.
Rappi: na mesma linha, o aplicativo afirmou respeitar as manifestações e se mostrou disposto a colaborar em busca de melhorias operacionais. A empresa afirmou que práticas como seguro de vida, programa de pontos, distribuição de EPIs, fundos de apoio para entregadores infectados pela Covid-19 e canais para questionamento de bloqueios já foram disponibilizadas.
Uber Eats: a companhia comunicou que as medidas como distribuição gratuita ou reembolso pela compra de EPIs, fundos para o pagamento de infectados pela Covid-19 e seguro contra acidentes pessoais, já estão em prática.
A Loggi, até o fechamento da matéria, não se manifestou.
Via: Uol