Edição genética espontânea das lulas pode ajudar em novos tratamentos da medicina

Molusco é único ser vivo conhecido que pode editar seu RNA fora do núcleo celular
Redação25/03/2020 13h42, atualizada em 25/03/2020 13h59

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Os tratamentos baseados em edição genética são a esperança para curar as pessoas alterando o código genético do DNA. A grande dificuldade nesse tipo de procedimento é que qualquer alteração feita no DNA acontece no núcleo das células, antes de ser transportado pelo RNA mensageiro em quase todos os seres vivos, com exceção de um. As lulas conseguem realizar essa edição fora do núcleo, e isso pode ajudar os médicos e cientistas a melhorar os tratamentos de edição de genes.

Cientistas do Laboratório de Biologia Matinha de Woods Hole, Massachusetts, afirmam que esse método incomum de editar o RNA mensageiro tem algo a ver com o comportamento do animal no oceano. “Ele funciona com esse aprimoramento do sistema nervoso, que é realmente uma nova maneira de viver a vida”, destacou Joshua Rosenthal, um dos autores da pesquisa.

Esse sistema faz com que as lulas consigam editar o RNA em maiores escalas. Os pesquisadores descobriram que essa edição ocorre no axônio, a região alongada da célula cerebral, do animal. Dessa forma, a lula tem o potencial de alterar a função de uma proteína mais perto da perto do corpo que precisa da adaptação. O próximo passo agora é descobrir o porquê dessa evolução. Para Rosenthal, pode ser uma forma de se adaptar melhor a mudanças ambientais, como a temperatura da água.

Reprodução

Outra diferença essencial em relação à mudança genética que os médicos têm trabalhado é que, por não acontecer diretamente no DNA, é reversível. Além disso, qualquer erro cometido durante a terapia poderia ser eliminado, já que um RNA mensageiro não utilizado se degrada rapidamente. “Se você tem alguma informação defeituosa dentro do seu genoma, você pode potencialmente mudar isso editando o RNA”, afirmou o pesquisador.

Para Heather Hundley, professora associada de bioquímica e biologia molecular da Universidade de Indiana, encontrar a enzima responsável pela edição do RNA na lula é um caminho. “Se a enzima da lula puder trabalhar no citoplasma, estaria no topo da lista para ser usada como terapia”. Por fim, Rosenthal afirma que a lula é uma criatura notável e provavelmente vai revelar muitos outros segredos biológicos.

Via: Wired

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital