Descobridores do vírus da hepatite C vencem o Nobel de Medicina

Láurea será entregue a dois cientistas americanos e um britânico; descobertas feitas pelo trio evitaram milhões de mortes pela doença
Davi Medeiros05/10/2020 15h55, atualizada em 05/10/2020 16h24

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O Nobel de Medicina de 2020 será entregue a dois cientistas americanos e um britânico em reconhecimento à descoberta do vírus da hepatite C. O trio de laureados foi anunciado nesta segunda-feira (5) durante uma coletiva de imprensa em Estocolmo, Suécia.

Compartilham o prêmio de US$ 1,1 milhão (R$ 6,18 mi) os cientistas Harvey Alter, dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH), Charles Rice, da Universidade Rockefeller, e Michael Houghton, da Universidade de Alberta.

Três peças de um quebra-cabeça

Embora não tenham trabalhado em conjunto, cada um dos três pesquisadores contribuiu de alguma forma para a identificação do vírus entre as décadas de 60 e 80. O passo inicial foi dado por Alter, que observou a existência de uma doença hepática transmitida pelo sangue que não era hepatite A nem B.

Mais tarde, Houghton conseguiu isolar o agente causador da doença no sangue de um chimpanzé infectado. Foi então que o vírus passou a ser detectável e recebeu o nome de hepatite C, o que possibilitou o desenvolvimento de testes e outras medidas para conter sua disseminação.

Por fim, Rice comprovou o vínculo entre o patógeno e os sintomas da doença ao identificar, no genoma do vírus, o mecanismo pelo qual ele consegue se replicar e, portanto, infectar as células humanas.

Reprodução

Esforços do trio de cientistas possibilitaram o desenvolvimento de testes para detectar a hepatite C. Imagem: Jarun Ontakrai/Shutterstock

As três descobertas são complementares, e é graças a elas que o vírus da hepatite C pode ser rastreado no sangue dos pacientes, evitando milhares de mortes anualmente.

De acordo com Nils-Goran Larsson, membro do Comitê do prêmio, as transfusões de sangue eram como uma “roleta-russa” antes dos esforços do trio de cientistas, já que não se conhecia o patógeno causador da hepatite “nem A nem B”. Hoje, milhões de pessoas podem receber transfusões previamente testadas e seguras, ele sublinha.

Erradicar a hepatite C é uma das metas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a próxima década. O prêmio, então, chega em momento oportuno, já que põe o assunto em destaque. Estima-se que 400 mil pessoas morram pela doença anualmente, e que o número de infectados esteja em torno de 70 milhões.

Este ano, por conta da pandemia do novo coronavírus, a cerimônia de entrega das medalhas não terá o banquete tradicional, e será televisionada em vez de presencial. Ainda esta semana, serão anunciados os vencedores dos prêmios Nobel de Física, Química, Literatura, Paz e Economia.

Via: Reuters

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital