Um dispositivo de realidade aumentada chamado IrisVision está ajudando pacientes nos EUA a recuperar a visão perdida por condições como degeneração macular, retinopatia diabética, doença de Stargardt, glaucoma e atrofia óptica, entre outras. Desenvolvido pela IrisVision Global, o IrisVision se parece com um dos muitos óculos de realidade virtual já no mercado. Mas em vez de transportar os usuários a um novo mundo, ele os ajuda a se orientar melhor no nosso.

A ideia para a criação do IrisVision surgiu em 2014 quando Frank Werblin, professor de neurociência na Universidade da Califórnia durante mais de 40 anos, deu uma palestra em uma conferência da Fundação para Combate à Cegueira nos EUA.

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Após a apresentação um dos membros do conselho diretor da organização, J. Lynn Dougan, se aproximou de Werblin e ofereceu financiamento para a criação de um dispositivo que pudesse ajudar a melhorar a visão de sua filha. O aparelho, que chegou ao mercado em 2017, foi desenvolvido em parceria com as universidades de Stanford e Johns Hopkins. A Samsung fornece o hardware e as tecnologias de realidade aumentada, virtual e mista, além da plataforma de inteligência móvel.

A estrutura é simples: um smartphone (um Galaxy S8) acoplado à frente dos óculos capta imagens do mundo real com sua câmera traseira. Essas imagens são processadas por algoritmos desenvolvidos pela IrisVision, exibidas na tela do aparelho e direcionadas aos olhos usando as lentes integradas.

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Um IrisVision. Aparelho é baseado em um smartphone e óculos VR. Foto: IrisVision

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O software tem vários modos de imagem, desenvolvidos para várias condições. De um simples “zoom” para quem não consegue enxergar objetos distantes a modos especiais para leitura, que invertem as cores ou melhoram o contraste das letras com o fundo.

Portadores de glaucoma podem encolher a imagem inteira para que seja projetada apenas na parte central dos olhos. Assim “recuperam” a visão periférica perdida devido à doença. Um aplicativo, chamado IrisReader, funciona como um OCR e lê texto em voz alta. Segundo a empresa, seus técnicos podem configurar os vários modos para que funcionem exatamente como o usuário precisa.

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Também há integração com a Alexa, assistente virtual da Amazon, permitindo que os usuários alternem entre modos de operação, abram apps, identifiquem objetos ou controlem equipamentos domésticos com a voz. Segundo a fabricante, versões futuras do IrisVision serão capazes de diagnosticar problemas oculares remotamente.

O sistema não é barato: nos EUA custa US$ 2.950 (cerca de R$ 15,8 mil), e planos de saúde não cobrem o custo a não ser que você seja um veterano das forças armadas. Além disso, tem alguns “contras”: é grandalhão, não deve ser usado por uma pessoa em movimento, e sua eficiência pode variar de paciente para paciente, mesmo entre aqueles com a mesma condição.

Mas os benefícios, segundo a fabricante, vão além de simplesmente trazer de volta a visão: “ele traz as pessoas de volta à vida”, diz o Dr. Werblin.

Fonte: The New York Times