Criaturas marinhas formadas por bolhas de muco são registradas em 3D; veja

Cientistas usam lasers para fazer reconstruções do animal; estrutura pode ajudar engenheiros a criar máquinas para explorar oceanos e o espaço
Vinicius Szafran05/06/2020 22h26, atualizada em 05/06/2020 22h55

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Centenas de metros abaixo da superfície do mar, criaturas minúsculas secretam bolhas mucosas de células em suas cabeças para construir grandes habitações de muco. Agora, pesquisadores estão usando lasers para estudar essas impressionantes estruturas e aprender mais sobre esses arquitetos marinhos.

Esses animais marinhos parecidos com girinos são chamados de larváceas gigantes (Bathochordaeus). Porém, apesar do nome, eles medem menos de dez centímetros de comprimento, segundo o Monterey Bay Aquarium Institute (MBARI). Suas casas, no entanto, é que motivam o nome desses animais: cada um deles carrega uma bolha de muco que pode chegar a um metro de comprimento. Uma vez que essas bolhas são secretadas, elas passam a ser usadas como um aparato de alimentação. As larváceas gigantes são animais filtradores, e suas casas são compostas por um filtro interno e um externo.

Dentro de suas mansões mucosas, as larváceas gigantes batem sua cauda para empurrar a água através desses filtros: o externo segura os alimentos grandes demais para o animal, enquanto o interno empurra o alimento de tamanho adequado para sua boca. Eventualmente, sua casa se entope de comida e o animal a abandona, para alegria de outras criaturas das profundezas, como o pepino-do-mar. Veja no vídeo abaixo, feito pelo MBARI.

Além de servir de alimento para outros bichos, isso também ajuda o oceano a remover o dióxido de carbono da atmosfera – as casas geralmente contêm muita comida rica em carbono. E não só isso: as estruturas de muco carregam microplásticos da água para o fundo do mar.

“Entre outras coisas, procuramos entender como os larvaceanos constroem e inflam essas estruturas”, disse Kakani Katija, engenheira principal do MBARI e principal autora do estudo, publicado na revista Nature. O conhecimento pode ajudar os engenheiros a projetar máquinas que variam de impressoras 3D a estruturas de exploração do espaço ou do oceano, segundo Katija.

Essas criaturas interessantes, contudo, são difíceis de capturar e estudar, devido à natureza delicada de suas casas mucosas. Katija e sua equipe recentemente descobriram como analisar as bolhas de muco em mar aberto.

Reprodução

Reconstrução em 3D mostra estrutura dos filtros da larvácea gigante. Imagem: MBARI/Digital Life Project

Os cientistas desenvolveram um equipamento chamado DeepPIV (velocimetria de imagem por partículas profundas), montado em um veículo operado remotamente. O instrumento envia uma lâmina de luz laser que ilumina pequenas partículas flutuando ao redor da estrutura mucosa do animal e registra como elas se movem por seus filtros. O laser também registrou seções transversais das larváceas gigantes, que foram usadas pela equipe para montar imagens tridimensionais das bolhas de muco da criatura.

As reconstruções 3D e observações de como a água flui através dos filtros externos permitiram aos pesquisadores entender detalhes sobre os filtros internos. “O muco é onipresente no oceano, e estruturas mucosas complexas são feitas por animais para alimentação, saúde e proteção”, explicou Katija em comunicado. “Agora que temos uma maneira de visualizar essas estruturas bem abaixo da superfície, podemos finalmente entender como elas funcionam e quais papéis desempenham no oceano”.

Via: Live Science

Vinicius Szafran
Colaboração para o Olhar Digital

Vinicius Szafran é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital