Konstantin Noboselov, um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Física em 2010 pela descoberta do grafeno, incentivou os pesquisadores a darem um salto além do óbvio e estudarem os “materiais avançados” para combater desafios como aquecimento global e doenças. A proposta foi feita durante um evento em Londres para comemorar os 15 anos da revelação do material.
Descoberto em 2004 na Universidade de Manchester, o grafeno é uma camada extremamente fina de grafite, elemento presente na ponta do seu lápis. Ele foi o primeiro material 2D encontrado pelo homem e é uma folha de átomos de carbono hexagonais, disposta em uma estrutura de favo de mel com a largura de tamanho nano. Ele também possui propriedades de condutividade muito boas, ao mesmo tempo que é 200 vezes mais forte que o aço e seis vezes mais leve.
Mais de dez anos após sua descoberta, o uso do grafeno é caro e por isso, ainda é pouco distribuído no mercado. Mesmo assim, algumas empresas de tecnologia já fazem experimentações tímidas com o material: a Samsung já sintetizou uma “bola de grafeno” para aumentar a eficiência de baterias, a Huawei começou a testá-lo para controlar o calor em seus telefone, a Xiaomi introduziu o material em seus fones de ouvido para uma transmissão de som mais rápida e, só na China, seis mil empresas estão registradas como relacionadas ao grafeno.
Novoselov acredita que é só questão de tempo até o grafeno se tornar uma commodity. “As novas tecnologias nunca são rápidas de serem aplicadas comercialmente, especialmente no caso de nanomateriais”, afirmou. Apesar de existir um longo caminho até a aplicação do grafeno no mercado, o vencedor do Prêmio Nobel está pensando em tecnologias do futuro.
Para isso, Novoselov foi nomeado presidente do conselho consultivo de um novo centro de educação e pesquisa, o Instituto de Tecnologia Schaffhausen (SIT), que pretende incentivar pesquisadores a se dedicar ao estudo de materiais avançados. Estes seriam materiais únicos que os cientistas acreditavam que não poderiam existir fisicamente, como ocorreu com o grafeno em 2004. “O grafeno abriu caminho para outros materiais 2D, e depois materiais artificiais. Esse é o foco da minha pesquisa agora”, afirmou.
A novidade pode ser boa para a tecnologia da computação, que está em uma corrida para obter desempenho ao mesmo tempo que lida com um crescente consumo de dados. Como solução, alguns cientistas e engenheiros já estudam os materiais avançados, como computadores quânticos e fotônicos. “Nossa tecnologia é limitada a alguns materiais, com funcionalidades limitadas, e temos sido muito tímidos para apresentar novas soluções. Materiais avançados podem mudar isso”, argumentou Novoselov.
O SIT tem em sua essência a parceria entre indústria e educação, no qual as pesquisas terão como alvo os desafios para os próximos vinte anos. Eles incluem aquecimento global, exploração espacial, guerras e violência, pobreza e muito mais.
Via: ZdNet