Na última segunda-feira (23), o Governo do Estado de São Paulo revelou que os resultados de eficácia da vacina CoronaVac – ou seja, a terceira e última etapa – devem ser divulgados até a segunda quinzena de dezembro – embora a previsão seja para a primeira semana do mesmo mês.
Após revelação dos dados, o imunizante, produzido em parceria com a chinesa Sinovac, deverá passar por uma última análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que vai considerar as informações obtidas até então – a outra responsável pela criação, sediada na China, também deve ter acesso aos mesmos documentos para verificar a capacidade da vacina de produzir uma resposta imune.
Com isso, caso a análise seja positiva e a liberação de registro ocorra, pode ser que a vacinação em massa seja iniciada ainda em janeiro.
“Estamos muito próximos de ter uma vacina disponível para o programa nacional de imunização. Na primeira semana de dezembro, teremos os resultados dessas análises, que serão remetidos ao comitê internacional independente. O comitê deverá validar esses resultados e produzir um relatório, que será encaminhado para a Anvisa e à agência correspondente da China”, disse Dimas Covas, atual diretor do Instituto Butantan.
Covas ainda comenta que o estudo clínico atualmente conta com o número mínimo de pacientes infectados que permite a análise dos resultados – na semana passada, esse total era de 61 pessoas; agora, são 74.
Após análise dos dados da fase 3, vacina dependerá da aprovação da Anvisa. Foto: siam.pukkato/Shutterstock
Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde do Estado de São Paulo, prevê que a “Coronavac será a primeira vacina disponível para a nossa população”, isso graças à “celeridade do Instituto Butantan”.
O instituto e o governo de São Paulo também fizeram previsões em relação à quantidade de doses disponíveis. Ambos revelaram que o país deve ter 46 milhões de doses em janeiro de 2021. Isso será possível porque o processo de produção da CoronaVac é bastante semelhante a outras vacinas que o Brasil fabrica. Por esse motivo, é possível que uma campanha de vacinação seja iniciada assim que o imunizante for registrado pela Anvisa.
Fase de testes
Ao todo, o Brasil conta com 13 mil voluntários no processo de testes da vacina – que usa um modelo chamado “duplo cego”, que metade das pessoas recebem o imunizante e a outra parte o placebo.
Na semana passada, a revista científica Lancet divulgou as conclusões sobre a fase 2 de testes. O documento mostrou que o imunizante é seguro e produziu resposta imune em 97% dos casos após 28 dias no organismo. Para a fase 3, o infectologista David Uip revela sua expectativa para que a Coronavac repita “os achados encontrados na fase 2”.
Via: Valor