Vacina contra Covid-19 da Sinovac começa a ser testada em São Paulo

Ensaios clínicos acontecerão em seis estados, com previsão de 9.000 participantes e envolvimento de 12 centros de pesquisa
Renato Santino21/07/2020 20h17, atualizada em 21/07/2020 20h20

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Começou nesta terça-feira (21) a fase brasileira de testes com a CoronaVac, a vacina contra Covid-19 desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac. A parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo estadual de São Paulo, pretende envolver 9.000 voluntários em seis estados brasileiros.

Os ensaios realizados no Brasil são referentes à fase 3 do desenvolvimento de uma vacina. Nesta etapa, já há informações claras sobre segurança e imunogenicidade do composto, e os pesquisadores esperam ver se a reação imunológica gerada pelo organismo realmente é protetora contra o vírus.

Por este motivo, os participantes são divididos em dois grupos. Um deles recebe a vacina em pesquisas em duas doses separadas por 14 dias, e o outro recebe apenas um placebo, algum elemento inerte, sem qualquer eficácia contra o vírus. Os pesquisadores acompanham os dois grupos para perceber se há alguma diferença significativa nos resultados; se o grupo placebo tiver muitos casos de Covid-19, enquanto o outro não tem nenhum ou poucos casos de contágio, é a prova definitiva de que a vacina funciona.

Essa é uma etapa que, em uma situação normal, pode levar anos, porque não há como garantir que os voluntários sejam expostos ao vírus. Justamente por isso, os pesquisadores procuram por participantes da área médica, que lidam com pacientes com Covid-19 e têm mais risco de contágio. A escolha pelo Brasil, que tem registrado dezenas de milhares de casos diariamente, também tem como objetivo acelerar as pesquisas; regiões com o vírus fora de controle aumentam as chances de que os participantes sejam expostos à doença.

Os participantes deverão manter um diário, no qual devem reportar efeitos colaterais e sensações. Eles também precisam comparecer regularmente aos centros de pesquisa para acompanhamento e receberão telefonemas para acompanhamento da situação da saúde. Esse acompanhamento durará um ano.

Apesar do acompanhamento previsto para um ano, Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, diz ser otimista de que seja possível começar a vacinar a população ainda neste ano se os resultados preliminares se mostrarem positivos em questão de três meses, mas os planos mais realistas preveem vacinação para o início de 2021. Ele prevê 120 milhões de doses, que poderiam ser usadas para imunização de 60 milhões de brasileiros, dando prioridade para idosos e outros cidadãos que pertençam ao grupo de risco.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital