Bebês chineses geneticamente modificados podem ter mutações acidentais

Controverso estudo liderado pelo Dr. He Jiankui visava criar bebês geneticamente resistentes ao HIV. Mas segundo cientistas ocidentais, os pesquisadores "erraram o alvo" e tentaram esconder o fato
Rafael Rigues04/12/2019 15h58, atualizada em 04/12/2019 16h00

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Um controverso experimento chinês para a criação de bebês geneticamente modificados para resistir ao vírus HIV, divulgado como um sucesso em novembro passado, pode ter gerado “mutações inesperadas”, segundo cientistas ocidentais.

A ideia do Dr. He Jiankui era usar a técnica CRISPR para reproduzir uma mutação no gene CCR5 conhecida como Delta 32, que confere resistência natural ao HIV em alguns indivíduos. Mas embora sua equipe tenha atingido o gene correto, ela não conseguiu criar a mutação desejada.

Em vez disso, segundo o geneticista Fyodor Urnov da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos EUA, o experimento pode ter criado “novas modificações” no genoma, cujos efeitos ainda não claros.

A afirmação foi feita após trechos de dois manuscritos do Dr. He, criados para divulgação de sua pesquisa e inéditos até agora, terem sido publicados pelo site MIT Technology Review. Os documentos foram submetidos a uma análise por um professor de direito, um especialista em fertilização in-vitro, um geneticista e um embriologista.

Os especialistas concluíram que as alegações feitas por He e sua equipe não são suportadas pelos dados, os pais dos bebês foram pressionados a participar do experimento, o benefício médico é no mínimo duvidoso e os cientistas tentaram aplicar a técnica em seres humanos sem compreender completamente os efeitos das modificações que fizeram.

Segundo o site, os documentos estão sendo publicados pois abordam uma das mais importantes questões de interesse público em toda a história: a capacidade de modificar a hereditariedade humana usando a tecnologia.

Fonte: MIT Technology Review

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital