Um controverso experimento chinês para a criação de bebês geneticamente modificados para resistir ao vírus HIV, divulgado como um sucesso em novembro passado, pode ter gerado “mutações inesperadas”, segundo cientistas ocidentais.
A ideia do Dr. He Jiankui era usar a técnica CRISPR para reproduzir uma mutação no gene CCR5 conhecida como Delta 32, que confere resistência natural ao HIV em alguns indivíduos. Mas embora sua equipe tenha atingido o gene correto, ela não conseguiu criar a mutação desejada.
Em vez disso, segundo o geneticista Fyodor Urnov da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos EUA, o experimento pode ter criado “novas modificações” no genoma, cujos efeitos ainda não claros.
A afirmação foi feita após trechos de dois manuscritos do Dr. He, criados para divulgação de sua pesquisa e inéditos até agora, terem sido publicados pelo site MIT Technology Review. Os documentos foram submetidos a uma análise por um professor de direito, um especialista em fertilização in-vitro, um geneticista e um embriologista.
Os especialistas concluíram que as alegações feitas por He e sua equipe não são suportadas pelos dados, os pais dos bebês foram pressionados a participar do experimento, o benefício médico é no mínimo duvidoso e os cientistas tentaram aplicar a técnica em seres humanos sem compreender completamente os efeitos das modificações que fizeram.
Segundo o site, os documentos estão sendo publicados pois abordam uma das mais importantes questões de interesse público em toda a história: a capacidade de modificar a hereditariedade humana usando a tecnologia.
Fonte: MIT Technology Review