Cientistas relatam 3º possível caso de cura do HIV com transplante de medula

Todos os casos tem um ponto em comum: a doação veio de uma pessoa com uma mutação genética rara
Renato Santino07/03/2019 23h31, atualizada em 07/03/2019 23h35

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A cura do HIV é um dos grandes desafios da ciência nas últimas décadas, mas aos poucos os resultados positivos começam a aparecer. Desta vez, pesquisadores acreditam ter curado um paciente do vírus por meio de um tratamento de células-tronco na Alemanha, o que seria o terceiro caso de cura do vírus.

O caso foi apresentado na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas realizada em Seattle.  O “paciente de Dusseldorf”, como ficou conhecido, demonstrou sinais de cura após passar três meses sem apresentar sinais do vírus em seu organismo mesmo após passar três meses sem tomar medicação antiviral.

O método não é simples, no entanto. Os três casos de cura registrados até o momento são de pacientes que tiveram leucemia e HIV simultaneamente e passaram por um tratamento muito específico. Neste processo, eles tiveram quase todas as suas células imunológicas eliminadas por meio de radioterapia; no lugar, eles receberam uma doação de medula de um doador com uma mutação genética rara em um gene chamado CCR5, que faz com que eles sejam naturalmente imunes ao HIV.

Essa técnica não pode ser usada para qualquer pessoa que tenha o vírus em seu organismo, no entanto, já que um transplante de medula não é recomendável para quem não tem câncer. Isso porque o procedimento é arriscado e usado como um último recurso, então não é algo que pode ser feito com qualquer paciente.

No entanto, ainda que não seja indicado para qualquer paciente, o método pode apontar caminhos interessantes de tratamento que não envolvam transplante de medula, como usar a edição genética nas células do próprio paciente para mexer no gene CCR5.

Para ter certeza, no entanto, os cientistas estão atrás de mais pacientes que tenham HIV e tenham passado por um transplante de medula de um doador com a mutação no CCR5. Além dos três casos já publicados, há mais dois identificados que ainda não pararam de tomar a medicação antiviral.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital