Aviação contribui com 3,5% para o aquecimento global, afirma estudo

Setor aéreo emitiu 32,6 bilhões de toneladas de CO2 desde a criação do avião; outros poluentes, como monóxido e dióxido de nitrogênio, também são expelidos
Davi Medeiros03/09/2020 19h24, atualizada em 03/09/2020 19h35

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Uma pesquisa internacional liderada pela Universidade Metropolitana de Manchester, no Reino Unido, mostrou que a aviação representa 3,5% do impacto causado pelo homem para o aquecimento global. O resultado foi obtido com base na análise de dados do setor aéreo de 2000 a 2018.

Os pesquisadores calcularam que os aviões foram responsáveis pela emissão de 32,6 bilhões de toneladas de CO2 ao longo da história, e que metade desse valor foi gerada apenas nos últimos 20 anos. O aumento expressivo é atribuído à expansão do número de voos e tamanho das frotas, especialmente na Ásia.

Outros poluentes

Ainda assim, este número representa apenas 1,5% do total de dióxido de carbono emitido pelas atividades humanas. Para chegar ao valor de 3,5%, os cientistas tiveram de considerar também os impactos da aviação que não são relacionados ao CO2. 

Isso porque a queima de combustíveis fósseis no transporte aéreo emite outros poluentes em maior quantidade, como os hidrocarburetos gasosos e os óxidos de nitrogênio (NO e NO2).

Reprodução

Somados, NO e NO2 são expelidos em maior quantidade que CO2 pelos aviões. Imagem: Creative Commons

Mesmo sendo a principal contribuição dos aviões para o efeito estufa, os gases não relacionados ao CO2 não eram considerados pelo antigo Protocolo de Quioto, observam os pesquisadores. O tratado abrangia uma vasta gama de poluentes, como o óxido nitroso e o metano, de outras fontes, como o setor agrícola, mas não da indústria aeronáutica. 

Já o Acordo de Paris, assinado em 2016, inclui a aviação doméstica nas metas de redução de cada país, mas deixa de fora os voos internacionais, que respondem por 64% do tráfego aéreo mundial. Além disso, também não está claro se ele inclui os outros gases de efeito estufa expelidos pelo avião, como explica o professor de Ciência Atmosférica David Lee, autor principal do estudo.

“Dada a dependência do avião pelos combustíveis fósseis e o crescimento projetado da frota, é vital entender o papel dessa indústria nas mudanças climáticas atuais para além das emissões de CO2″, afirma.

Ações de mitigação

Atualmente, os voos internos na União Europeia (UE) são obrigados a pagar pelos gases de efeito estufa que expelem, graças ao Sistema de Comércio de Emissões do bloco.

Por outro lado, alguns países tomam decisões individuais. Como observado pelo El País, a Holanda estabeleceu a cobrança de uma taxa ambiental de 7,5 euros por passageiro para cada viagem aérea. Com isso, o país espera arrecadar 200 milhões de euros por ano e desestimular o uso do avião.

Já na França existe um debate sobre a proibição de voos em trajetos curtos, sendo preferível utilizar alternativas ferroviárias – de acordo com a Agência Europeia do Meio Ambiente, os aviões emitem 20 vezes mais CO2 por quilômetro que o trem. 

A expectativa do grupo de pesquisadores liderado por David Lee é fortalecer a base científica sobre o papel da aviação para o aquecimento global e agregar estrutura para avaliações futuras.

“Nossa estimativa poderá ajudar os tomadores de decisão e a indústria na busca de ações de mitigação, protegendo este importante setor de quaisquer afirmações imprecisas sobre seu papel na mudança climática”, afirma Lee.

Via: Phys.org

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital