Nos próximos anos, as mudanças climáticas provocarão níveis de calor tão intensos em algumas partes do mundo durante o verão, que apenas trabalhar ao ar livre poderá se tornar uma ameaça à vida.

Novos estudos sugerem que, a menos que os gases do efeito estufa sejam controlados, milhões de pessoas – especialmente nos países em desenvolvimento – serão expostas a níveis perigosos de calor que podem causar o chamado “estresse térmico” – quando o corpo é incapaz de esfriar adequadamente. 

Isso porque a principal técnica para eliminar o excesso de calor – a evaporação do suor na pele – não pode ocorrer porque o ar está muito úmido. Por consequência, sintomas podem passar de desmaios e desorientação a cãibras e falhas nos intestinos e rins, segundo informou a BBC News. 

“Nós, humanos, evoluímos para viver em uma faixa específica de temperaturas, por isso é claro que, se continuarmos a fazer com que as temperaturas subam em todo o mundo, mais cedo ou mais tarde as partes mais quentes do mundo poderão começar a ver condições simplesmente quentes demais para nós”, afirmou Richard Betts, professor do UK Met Office (serviço nacional de meteorologia do Reino Unido).

Outro estudo, publicado no início deste ano, alertou que o “estresse térmico” poderia afetar até 1,2 bilhão de pessoas em todo o mundo até 2100, quatro vezes mais do que agora.

“Estresse térmico” na pandemia

Sinais de alerta para este futuro nada promissor já podem ser vistos durante a pandemia do novo coronavírus, principalmente em médicos que precisam tratar pacientes em climas tropicais usando equipamentos de proteção pesados. 

Isso porque as camadas impermeáveis do equipamento de proteção individual (EPI) – projetado para manter o vírus fora – têm o efeito de impedir que o suor evapore. E, em breve, os perigos que esses profissionais enfrentam podem se tornar uma experiência cotidiana para todas as pessoas.

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Médicos sofrem com o calor das roupas de proteção. Foto: NG TENG FONG GENERAL HOSPITAL

“Essa mudança climática será um monstro maior e realmente precisamos de um esforço coordenado entre as nações para nos preparar para o que está por vir”, declarou o Dr. Jimmy Lee, médico de emergência que trata pacientes com Covid-19 em Cingapura. “Caso contrário, haverá um preço a ser pago.”

Via: BBC