A American Airlines anunciou que planeja voltar a operar com seus aviões Boeing 737 Max até o fim do ano. A data do retorno depende da recertificação da Federal Aviation Administration (FAA, a “Anac” dos Estados Unidos), mas a rota já foi escolhida: pelo menos um voo diário entre Miami e Nova York.

O Boeing 737 Max teve voos suspensos em março do ano passado, depois que dois acidentes com a aeronave resultaram na morte de 346 pessoas. Desde então, a empresa tem revisado todo o projeto do avião e seus componentes. Diversos pontos problemáticos já foram descobertos e corrigidos.

Na semana passada, a Agência de Segurança da Aviação da União Europeia (Easa) afirmou que o modelo está seguro o suficiente para ser usado novamente. O avião pode voltar a ser utilizado na Europa ainda em 2020. Apesar disso, o órgão regulador pediu que a Boeing faça uma atualização de segurança, o que não deve ser implementado antes de 2022.

Andreas Zeitler/Shutterstock

Boeing 737 Max. Imagem: Andreas Zeitler/Shutterstock

“Continuamos em contato com a FAA e a Boeing sobre o processo de certificação e continuaremos atualizando nossos planos com base em quando a aeronave for certificada”, afirmou a American Airlines em um comunicado. As reservas para os voos estarão disponíveis a partir de 24 de outubro e os clientes serão informados de que voarão em um 737 Max, disse a companhia aérea.

A FAA divulgou no mês passado uma lista com as mudanças de segurança necessárias para que os aviões voltem ao serviço. Atualmente, a Boeing está trabalhando em um sensor sintético baseado em software que deve demorar entre 20 e 24 meses para ficar pronto.

Com o equipamento, os pilotos terão menos problemas se um ou ambos os sensores de ângulo de ataque da aeronave falhar. Os reguladores determinaram que o sensor é requisito para a versão Max 10 ser utilizado. Esse modelo deve ficar pronto em 2022.

Tragédia

Em 10 de março de 2019, o voo ET 302, da Ethiopian Airlines, caiu seis minutos após a decolagem com 157 pessoas a bordo (149 passageiros e oito tripulantes). Não houve sobreviventes. O mesmo modelo de aeronave caiu em outubro de 2018 na Indonésia, matando outras 189 pessoas.

Após uma investigação de 18 meses, o Congresso americano concluiu em setembro que a Boeing e FAA foram as responsáveis pelos dois acidentes. De acordo com o relatório do Comitê de Transporte e Infraestrutura da Câmara, os acidentes não foram resultado de uma “falha singular ou evento mal administrado”, mas de uma série de suposições técnicas incorretas dos engenheiros da Boeing e de uma supervisão “grosseiramente insuficiente” da FAA.

“A Boeing falhou no design e desenvolvimento do 737 Max, e a FAA falhou na supervisão e na certificação da aeronave”, indica o relatório. O documento aponta ainda que os problemas da fabricante foram criados em parte por sua dificuldade em admitir os próprios erros, graças a uma cultura empresarial que “favorece a ocultação”, e que, de acordo com o comitê, “precisa ser reestruturada com urgência”.

Via: CNN