Vacina contra Covid deveria priorizar jovens e crianças, diz estudo

Pesquisa sugere que grupo deve ser imunizado primeiro, pois possui maior chance de transmitir doença; mais facilidade para retomada de convívio social também embasou conclusão
Leticia Riente07/09/2020 17h40, atualizada em 07/09/2020 21h00

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Nos Estados Unidos, pesquisadores estão propondo um possível calendário para a distribuição de vacinas contra a Covid-19, quando estiverem disponíveis. A pedido dos centros de controle e prevenção de doenças e dos institutos nacionais de saúde, profissionais de academias nacionais de ciências, engenharia e medicina, elaboraram um estudo no qual defendem que jovens e crianças também devem ser priorizados para receber as primeiras doses.

De acordo com o documento, a aplicação da vacina deve priorizar profissionais do setor de saúde, idosos quem morem com outras pessoas mais novas (situação de convivência), e jovens e crianças. O último grupo a ser priorizado pode ser uma surpresa, visto que muito se fala em primeiro proteger os mais vulneráveis à doença, que neste caso seriam os idosos.

O estudo mostra, entretanto, o quão importante é imunizar primeiramente aqueles com maior potencial para a transmissão da doença, nesta caso, jovens e crianças, que apresentam maiores chances de retornarem à vida ativa e social. Desta forma, esse grupo tem mais probabilidade de transmitir a Covid-19 em relação aos idosos, por exemplo.

Reprodução

Estudo sugere que jovens e crianças sejam imunizados primeiro, pois possuem mais chances de retornar ao convívio social mais cedo. Créditos: Maxbelchenko/Shutterstock

Dados

Para apoiar tal argumento, o estudo apontou que apenas 10% de infectados levam a 80% dos casos da doença, sugerindo que até 40% das pessoas adquirem a Covid-19 são assintomáticos, sendo a maioria jovens e crianças.

Além disso, este grupo tem menos chances de ir a óbito ou apresentar quadros graves de saúde. Por esse motivo, as possibilidades de contato físico desses pacientes com não infectados são altas, já que a não apresentação de sintomas dá a falsa sensação de um indivíduo saudável.

Ainda para dar base ao calendário proposto, os pesquisadores também consideraram que casos de Covid-19 têm aumentado em faixas etárias que vão dos 15 aos 25 anos, comprovando mais uma vez o impulsionamento do vírus por esse grupo.

Alguns eventos isolados também foram analisados para elaboração do estudo: um recente surto da doença na fraternidade da Universidade do Sul da Califórnia infectou pelo menos 40 pessoas. De acordo com dados da American Academy of Pediatrics, 338 mil crianças testaram positivo para Covid até 30 de junho.

De forma mais ampla, os novos casos positivos da doença se concentram nos residentes mais jovens no condado de Los Angeles. Na Califórnia, pessoas entre 18 e 34 anos somam mais de um terço dos casos confirmados no estado americano.

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O aumento de casos entre jovens também embasou calendário que priorize o grupo. Créditos: Zigres/Shutterstock

A experiência obtida com outros surtos de doenças também contribuiu para embasar o calendário que prioriza jovens e crianças. A epidemia de gripe H1N1, de 2009, nos Estados Unidos, ou a pandemia de influenza de 1957 a 1958 também mostraram que possivelmente seja mais prudente controlar a disseminação entre os jovens. O que pode significar a prioridade na vacinação de crianças em idade escolar, por exemplo, antes de abrir a imunização para todos os idosos.

Diante de todos os argumentos, os pesquisadores afirmam que para o combate à pandemia causada pela Covid-19, seja necessário um modelo diferente de fazer escolhas sobre prioridade de imunização. Em escala: trabalhadores da saúde e os maiores transmissores do vírus, sendo estes principalmente os jovens. A partir daí, os mais vulneráveis poderão ser protegidos.

Fonte: Science Alert 

Colaboração para o Olhar Digital

Leticia Riente é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital