A maré não está boa para a Uber na Bolsa de Valores de Nova York. A empresa de aplicativo teve perda de US$ 1 bilhão no primeiro trimestre de 2019. Esse foi o seu primeiro relatório financeiro como uma companhia pública. Neste período, a empresa registrou ainda receita de 3,1 bilhões.
O valor de mercado da empresa também teve queda mais acentuada do que prevista pelos acionistas. Em meio a expectativas de como seria o seu desempenho depois de estrear na Bolsa no último dia 9, a Uber acabou fechando com baixa de 0,25%, atingindo US$ 39,90 por ação. Logo na manhã seguinte à sua estreia, as ações da empresa abriram a um preço de US$ 42 por papel, causando surpresa para o ecossistema de tecnologia.
A boa notícia vem do Uber Eats, a modalidade de entrega de comida da empresa. A divisão teve receita de US$ 536 milhões, uma alta de 89%. Já a categoria “outras apostas” — que conta com bicicletas, patinetes elétricos e transporte de carga — cresceu 263%, faturando US$ 145 milhões.
As baixas que a empresa vem acumulando ao longo das três semanas, posteriores à abertura de capital, é uma decepção se comparada com sua expectativa de oferta pública inicial (IPO), com um valor de mercado de US$ 90 a US$ 100 bilhões, com um preço fixado de 45 dólares por ação. As quedas superaram o cálculo de analistas, que anteciparam um prejuízo líquido por ação de 76 centavos.
O declínio repentino é raro em IPOs de alto perfil. Com o baixo desempenho, a Uber tem hoje uma avaliação de cerca de 67 bilhões de dólares, valor de mercado muito abaixo do previsto inicialmente. Mas, a companhia já sofria com quedas nos últimos meses anteriores a sua chegada na Bolsa. Antes do IPO, ela foi avaliada em cerca de US$ 82 bilhões.
“No início deste mês, demos o importante passo de nos tornarmos uma empresa pública e agora estamos focados em executar nossa estratégia para nos tornarmos uma empresa principal para o transporte e comércio locais”, disse em um comunicado o chefe da Uber, Dara Khosrowshahi.
Apesar dos prejuízos, a empresa continua crescendo, visto que suas reservas brutas aumentaram 34%, para US$ 14,6 bilhões no primeiro trimestre do ano. “No primeiro trimestre, o engajamento em toda a nossa plataforma foi maior do que nunca, com uma média de 17 milhões de viagens por dia e uma expectativa de taxa anual de US$ 59 bilhões de reservas brutas”, acrescentou Khosrowshahi.
A Lyft, concorrente da Uber, também está negociando na Bolsa bem abaixo de seu IPO de US$ 72 por ação, fechando com queda de 2,5% nesta quinta-feira (30), o que significa um preço de US$ 56 por papel. A empresa tem um valor de mercado atual de aproximadamente US$ 16 bilhões, pouco acima de sua avaliação inicial de US$ 15,1 bilhões.
A empresa registrou receita de US$ 776 milhões no primeiro trimestre, com perdas de US$ 1,14 bilhão, sendo US$ 894 milhões em despesas relacionadas ao IPO. Mesmo assim, tanto a receita quanto o prejuízo da rival da Uber superaram as estimativas de Wall Street. Acionistas anteciparam uma receita de US$ 740 milhões.
Os IPOs decepcionantes da Uber e da Lyft fortaleceram a incerteza de Wall Street em relação a unicórnios de preços elevados. Muitos analistas aproveitam o momento de baixa das companhias para questionar como empresas apoiadas por capital de risco, em particular aquelas em setores não provados, como os aplicativos de mobilidade ou com profissionais autônomos, podem se tornar públicas.
Via: Tech Crunch