A Uber concretizou sua tão aguardada abertura de capital nesta sexta-feira (10), mas a empolgação está bem distante do previsto. A recepção da empresa em Wall Street foi marcada por um raro declínio para uma oferta pública inicial (IPO) de alto perfil. As ações da companhia abriram a um preço unitário de US$ 42 na Bolsa de Valores de Nova York, em comparação com o preço inicial fixado de US$ 45 do seu IPO. Recentemente, elas foram negociadas por cerca de US$ 44.
O declínio não deixa de ser uma mancha para a Uber, que ensaiou um dos IPOs mais esperados de todos os tempos. As expectativas quanto ao seu valor de mercado foram significativamente reduzidas nos últimos meses, um efeito da escalada das tensões nas relações comerciais entre EUA e China. Recentemente, o presidente Trump ameaçou impor taxas adicionais sobre quase todas as exportações chinesas para o território norte-americano.
A negociação das ações a valores mais baixos é notável, dado que as principais seguradoras da Uber procuraram precificar as ações na extremidade inferior de uma faixa de US$ 44 a US$ 50 – mesmo que houvesse demanda em níveis mais altos. A oferta inicial fixou em US$ 45 o preço por ação, o que renderia uma arrecadação de US$ 8,1 bilhões de partida.
A chegada da Uber à Wall Street será a terceira maior do setor tecnológico, desde a abertura de capital da Alibaba, em 2014. Ainda assim, a avaliação da companhia caiu nos últimos meses. Antes do IPO, a Uber foi avaliada em cerca de US$ 82 bilhões – abaixo das projeções entre US$ 90 bilhões e US$ 100 bilhões apontadas nas semanas anteriores. Duas das principais seguradoras da empresa, Morgan Stanley e Goldman Sachs, estimaram o valor da companhia em US$ 120 bilhões no ano passado.
Projeções para o futuro
Ao considerarmos que, no início de 2018, a empresa de transportes foi avaliada em US$ 48 bilhões, não há como negar que o montante de hoje é o símbolo de grande sucesso. A classificação atual, apesar de tudo, tem sido descrita por analistas como prudente e cautelosa. De acordo com o portal Genbeta, ela é entendida como uma tentativa de evitar um fiasco equivalente ao sofrido pela Lyft, rival direta da Uber, que registra uma queda de 20% desde a sua abertura de capital, feita no mês de março.
O principal desafio da Uber é tornar suas operações lucrativas, mas, a depender das circunstâncias judiciais, as perspectivas futuras podem mudar para pior. Destaca-se, por exemplo, que a companhia qualifica seus motoristas como trabalhadores autônomos, e não como empregados. De fato, é um relacionamento que beneficia a empresa financeiramente e atrai investidores, mas sua garantia pode ter um prazo de validade no que tange às leis trabalhistas em diversas cidades do mundo. Afinal, caso ela seja obrigada a pagar mais direitos aos condutores, mais isso impacta em sua receita.
Um artigo publicado há poucos dias no jornal The Guardian explica: “A Uber promete um poço sem fundo de dinheiro aos investidores… mas ainda não”. A mensagem que é transmitida pela empresa é que a rentabilidade é praticamente nula a curto prazo, mas oportunidades quase ilimitadas estão chegando no futuro. É por isso que investidores estão observando de perto o desempenho das ações da Uber, que se notabilizou por evitar a abertura pública ao máximo e se tornar uma das maiores startups de tecnologia de valor privado do mundo.
Fonte: Genbeta, Wall Street Journal