Não vai ter supernova? Lentamente, Betelgeuse recupera o seu brilho

A estrela da constelação de Órion, que ficou 25% mais escura nos últimos meses, vem recuperando seu brilho de acordo com observações. Parece que não vai ser dessa vez que veremos uma explosão
Renato Mota25/02/2020 16h21

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Foi só um susto? Não teremos uma explosão de supernova na nossa vizinhança espacial? As últimas observações de Betelgeuse constataram que a estrela vermelha gigante está recuperando seu brilho. Isso pode significar que ela não está chegando a um fim prematuro, como esperavam alguns astrônomos.

Betelgeuse fica na constelação de Órion (mais precisamente, no “sovaco” do caçador mitológico, por assim dizer…), a cerca de 700 anos-luz de distância da Terra. Como é uma estrela muito grande (com cerca de 10 a 25 vezes a massa do Sol) a sua expectativa de vida é baixa, e quando a intensidade do seu brilho começou a baixar rapidamente no final de 2019, muitos pesquisadores acharam que poderíamos conferir um dos eventos mais incríveis do universo.

A constelação de Órion, com Betelgeuse em destaque no canto superior esquerdo (Matthew Spinelli/Nasa)

Atualmente, Betelgeuse tem entre 8 e 8,5 milhões de anos, e viu seus melhores dias há cerca de 1 milhão de anos. Nosso Sol, por exemplo, tem 4,6 bilhões de anos e está na metade da sua vida. Há 40 mil anos, a estrela esfriou e explodiu em uma supergigante vermelha, e agora ficou sem hidrogênio em seu núcleo e está fundindo hélio em carbono e oxigênio.

Eventualmente, a estrela fundirá elementos cada vez mais pesados, resultando em um acúmulo de ferro que causará o colapso do núcleo, antes de se recuperar em um dos eventos mais incríveis do universo, uma explosão que poderia ser mais brilhante que a lua e até visível durante o dia, uma supernova.

Embora Betelgeuse tenha brilho variável, seu escurecimento recente foi muito mais profundo do que qualquer outro observado anteriormente – entre setembro de 2019 e janeiro de 2020, diminuiu 25%. Agora, a estrela parece estar simplesmente retornando a um nível de brilho mais normal, com um tempo consistente com o ciclo de variabilidade.

“Com base em observações adicionais, Betelgeuse definitivamente parou de escurecer e começou a clarear lentamente. Assim, esse episódio de ‘desmaio’ acabou, mas é necessária fotometria adicional para definir a fase de clareamento”, afirma um artigo publicado no Astronomers Telegram.

Mas fica a dúvida: o que causou o escurecimento? As possibilidades estão sendo investigadas, e uma delas tem a ver com o resfriamento na superfície estelar. Algo realmente estranho teria que estar acontecendo em Betelgeuse para que isso acontecesse, segundo os astrônomos, mas não é impossível.

Outra possibilidade é que uma nuvem de poeira gigante tenha sido ejetada da estrela em nossa direção. Estrelas gigantes vermelhas criam e ejetam grandes quantidades de material muito antes de se tornarem supernovas, e imagens infravermelhas mostram Betelgeuse cercada por nuvens de poeira. Ambas as explicações seriam consistentes com a assimetria do escurecimento, vista em imagens obtidas em dezembro de 2019.

“Observações de todos os tipos continuam sendo necessárias para entender a natureza desse episódio de escurecimento sem precedentes e o que essa estrela surpreendente fará a seguir”, escreveram os astrônomos.

Via: Science Alert

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital